Em narrativas amadianas, Exu: a boca que tudo come

O presente artigo reconhece o ebó/sacrifício como sistema de restituição do poder das energias míticas do Culto aos orixás e, quem come primeiro é Exu, “a boca que tudo come”. Sabe-se que toda a dinâmica do sistema Nagô está centrada em torno do ebó, a oferenda ritual dedicada aos orixás. Nas casas...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Alexandre de Oliveira Fernandes
Format: Article
Language:Spanish
Published: Universidade de São Paulo 2017-06-01
Series:Revista Criação & Crítica
Subjects:
Exu
Online Access:http://www.revistas.usp.br/criacaoecritica/article/view/128857
Description
Summary:O presente artigo reconhece o ebó/sacrifício como sistema de restituição do poder das energias míticas do Culto aos orixás e, quem come primeiro é Exu, “a boca que tudo come”. Sabe-se que toda a dinâmica do sistema Nagô está centrada em torno do ebó, a oferenda ritual dedicada aos orixás. Nas casas de Culto, o sacrifício é sempre material: alimentos, bebidas, animais, minerais, plantas, por meio do que, evoca-se uma relação interpessoal e litúrgica, dinâmica e viva que movimenta o corpo e os níveis da personalidade dos adeptos. O sangue dos animais, a oferenda dos frutos, das ervas e dos minerais provoca a manutenção e o fortalecimento do axé. Trata-se de um sistema mítico de restituição que coloca as energias em ação, provocando o movimento e a Vida. Faltar com o ebó é incorrer em grave penalidade que interrompe o movimento (do axé), deprecia os laços entre deuses e humanos, permitindo o declínio da energia vital. Quem cobra a falta é Exu, parceiro do escritor baiano Jorge Amado. O “imortal” representou seu compadre das encruzilhadas em diversos de seus textos, nos quais, brinca, faz estripulias e se alimenta. A Exu, como se sabe, saúda-se: Laroyê! 
ISSN:1984-1124