Memórias indesejadas: os campos de reeducação na ficção de Ungulani Ba Ka Khosa
Logo após a independência de Moçambique em 1975, uma das medidas adotadas pela FRELIMO foi o deslocamento e a disciplinarização em massa da população. Entre as estratégias tomadas estava a criação de campos de reeducação, para onde eram levados os moçambicanos classificados como improdutivos e indes...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | deu |
Published: |
Universidade Federal de Santa Maria
2017-01-01
|
Series: | Literatura e Autoritarismo |
Online Access: | https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/25569 |
Summary: | Logo após a independência de Moçambique em 1975, uma das medidas adotadas pela FRELIMO foi o deslocamento e a disciplinarização em massa da população. Entre as estratégias tomadas estava a criação de campos de reeducação, para onde eram levados os moçambicanos classificados como improdutivos e indesejáveis pelo poder soberano. No romance Entre as memórias silenciadas, Ungulani Ba Ka Khosa representa a memória dos sujeitos deportados para os campos para serem ressocializados e transformados pela experiência prisional, pelo trabalho nas machambas e pelo pensamento anticolonial de fundamentação marxista-leninista no novo homem moçambicano. Nessa narrativa, os sujeitos ficcionais são despossuídos de seus direitos de cidadania e submetidos pelo poder/violência instaurador(a) da nova ordem socialista a processos de subjetivação/dessubjetivação com o objetivo não só de se tornarem corpos dóceis ao regime revolucionário, mas também de modo a impossibilitar a formação de memórias que testemunhassem a própria existência dos campos. |
---|---|
ISSN: | 1679-849X 1679-849X |