Um teatro de Androides
Uma inquietude parece nos aguardar cada vez que nos sentamos para assistir a um espetáculo. Nessa decepção inicial, há um desses avisos que vêm de muito longe. Todos sabemos de algo sem bem saber como e talvez não saibamos nada mais que esse algo, pois todo o resto parece bem suspeito. Não se deve...
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Universidade Estadual de Campinas
2013-04-01
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doaj-438ace5378294bac995a02155e771c922021-06-21T13:40:16ZporUniversidade Estadual de CampinasPitágoras 5002237-387X2013-04-0131Um teatro de AndroidesMaurice Maeterlinck0Lara Biasoli Moler1Universidade Estadual de CampinasUniversidade de São Paulo Uma inquietude parece nos aguardar cada vez que nos sentamos para assistir a um espetáculo. Nessa decepção inicial, há um desses avisos que vêm de muito longe. Todos sabemos de algo sem bem saber como e talvez não saibamos nada mais que esse algo, pois todo o resto parece bem suspeito. Não se deve dar importância àquilo de que não podemos nos dar conta, porque nossa ignorância traz aqui a efígie, quase impalpável, do que de melhor temos. Em alguns momentos, uma mão que não nos pertence bate, assim, às portas secretas do instinto, poderíamos dizer às portas do destino, já que elas são vizinhas. Não podemos abri-las, mas é necessário escutar atentamente. Talvez haja, nas fontes desse mal-estar, um mal-entendido muito antigo e, depois dele, o teatro nunca mais foi exatamente o que é em meio ao instinto da multidão, ou seja: o templo do sonho. É preciso admitir que o teatro, ao menos em suas tendências, é uma arte; mas não encontro aí a marca das outras artes, antes verifico duas marcas que parecem se anular. A arte parece sempre um desvio e nunca se dirige a nós cara-a-cara. Dir-se-ia a hipocrisia do infinito. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/pit500/article/view/8634738Tradução. |
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Uma inquietude parece nos aguardar cada vez que nos sentamos para assistir a um espetáculo. Nessa decepção inicial, há um desses avisos que vêm de muito longe. Todos sabemos de algo sem bem saber como e talvez não saibamos nada mais que esse algo, pois todo o resto parece bem suspeito. Não se deve dar importância àquilo de que não podemos nos dar conta, porque nossa ignorância traz aqui a efígie, quase impalpável, do que de melhor temos. Em alguns momentos, uma mão que não nos pertence bate, assim, às portas secretas do instinto, poderíamos dizer às portas do destino, já que elas são vizinhas. Não podemos abri-las, mas é necessário escutar atentamente. Talvez haja, nas fontes desse mal-estar, um mal-entendido muito antigo e, depois dele, o teatro nunca mais foi exatamente o que é em meio ao instinto da multidão, ou seja: o templo do sonho. É preciso admitir que o teatro, ao menos em suas tendências, é uma arte; mas não encontro aí a marca das outras artes, antes verifico duas marcas que parecem se anular. A arte parece sempre um desvio e nunca se dirige a nós cara-a-cara. Dir-se-ia a hipocrisia do infinito.
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