Summary: | Em seus escritos sobre a "governamentalidade", Foucault argumenta que a filosofia política, durante o início do período moderno, perpetrou uma mudança gradual no objeto de exercício do poder, deixando de lado o território para concentrar-se sobre a população. Neste artigo, buscamos associar essa idéia com o pensamento econômico britânico do século XVII, em que noções de gerência populacional estão sempre presentes - primeiramente com autores do início do século como Mun e Misselden, evoluindo então ao longo das décadas seguintes em estreita relação com doutrinas como a "aritmética política" vislumbrada por Petty e culminando no uso extensivo por parte de Davenant das estatísticas demográficas de Gregory King. Além disso, tentamos expor a ligação entre temas populacionais e alguns conceitos-chave então utilizados, mostrando que esses temas não possuíam motivação meramente militar, mas sim derivavam de uma percepção do trabalho como força criativa, à qual podemos associar os rudimentos de uma teoria do valor-trabalho.<br>In his lectures on governmentality, Foucault argued that Early Modern Period's political theorizing was characterized by a gradual change in the object of political power, from territories to populations. We try to link this idea to the development of seventeenth-century British economic thought, in which notions of population management are constantly present - beginning with early pamphleteers like Mun and Misselden, developing along the subsequent decades in a close relationship with doctrines such as the "political arithmetic" envisaged by Petty, and culminating in the extensive use made by Davenant of the demographic statistics compiled by Gregory King. Moreover, we try to expose the connection between demographic themes and some key concepts then adopted, in an effort to show that they were not mere subsidiaries to military concerns, but instead were a direct corollary to a widespread notion of labor as a creative force arguably the rudimentary origins of a labor theory of value.
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