Summary: | A Educação do Campo, segundo os marcos normativos, deve trazer as especificidades dos sujeitos do campo e dos seus territórios, partindo da realidade local, das práticas culturais e do trabalho no campo, estabelecendo um diálogo entre os conhecimentos tradicionais e os científicos, o que seria uma educação contextualizada. No Ensino de Ciências, frequentemente, essa relação está restrita a trazer o cotidiano dos estudantes para a sala de aula sem estabelecer uma interação crítica entre tais conhecimentos. Este texto apresenta as inter-relações e os conflitos entre os sistemas tradicionais de conhecimentos e o conhecimento científico que ocorrem no âmbito da Licenciatura em Educação do Campo de uma universidade pública mineira. A partir da Teoria Ator-Rede buscou-se investigar o diálogo entre os conhecimentos vivenciados no processo formativo dos sujeitos. A partir de um grupo focal com formandos em Ciências da Natureza foram identificadas diferentes estratégias de translação realizadas pelos sujeitos e pelo curso a fim de desenvolver composições de interesses que agregassem os conhecimentos e as práticas das comunidades do campo aos conteúdos escolares das Ciências da Natureza, valorizando os conhecimentos tradicionais e expandindo os horizontes dos formandos quanto aos processos de produção e circulação do conhecimento científico.
|