Entre a "violência" e a "espontaneidade" reflexões sobre os processos de mobilização para ocupações de terra no Rio de Janeiro

No segundo semestre de 2000, acompanhei a etapa final de um processo de mobilização para uma ocupação de terras no estado do Rio de Janeiro. Esse processo, organizado pelo MST/RJ, envolveu a realização de reuniões preparatórias, as chamadas reuniões de frente de massa. Por meio da descrição e da aná...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marcelo Ernandez Macedo
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 2005-10-01
Series:Mana
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132005000200006
Description
Summary:No segundo semestre de 2000, acompanhei a etapa final de um processo de mobilização para uma ocupação de terras no estado do Rio de Janeiro. Esse processo, organizado pelo MST/RJ, envolveu a realização de reuniões preparatórias, as chamadas reuniões de frente de massa. Por meio da descrição e da análise de algumas dessas reuniões, examino neste artigo como foi o processo de mobilização. Focalizando o ponto de vista dos organizadores, apresento as estratégias adotadas e discuto seus limites, possibilidades e contradições. De um ponto de vista mais amplo, o texto insere-se na discussão sobre a constituição dos movimentos sociais no Brasil. Nesse sentido, aponto para os limites de dois tipos de abordagens: aquelas que reivindicam um caráter espontâneo para a formação dos movimentos sociais, e aquelas que percebem esses processos como novas formas de se reproduzirem antigos modelos da relação patrão-empregados.<br>In the second half of 2000, I accompanied the final phase of a land occupation campaign in Rio de Janeiro state. Organized by the Rio de Janeiro Landless Workers Movement (MST/RJ), this campaign involved a series of preparatory meetings, called mass front meetings. Starting with a description and analysis of some of these meetings, I examine how the campaign process unfolded. Focusing on the viewpoint of the organizers, I present the adopted strategies and discuss their limitations, possibilities and contradictions. From a wider viewpoint, the text looks to contribute to the current debate concerning the formation of social movements in Brazil. To this end, I point out the limitations of two kinds of approach: those which claim social movements form more or less spontaneously, and those which perceive these processes as new forms of reproducing old models of the boss-employee relationship.
ISSN:0104-9313
1678-4944