Bordado e transgressão: questões de gênero na arte de Rosana Paulino e Rosana Palazyan

É possível se afirmar que os objetos artísticos, em virtude de seus atributos materiais (e não somente sua autoria), possuem um “gênero”? As artes têxteis, e em particular os bordados, parecem ser o caso de objetos “naturalmente atrelados ao fazer feminino”. Pretende-se debater o modo com que tais f...

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Bibliographic Details
Main Author: Ana Paula Simioni
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Campinas 2010-12-01
Series:PROA: Revista de Antropologia e Arte
Online Access:https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/view/2375
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spelling doaj-403f9ab4b05d4327ab29b4dbdf9757622020-11-24T20:47:12ZporUniversidade Estadual de CampinasPROA: Revista de Antropologia e Arte2175-60152010-12-01121818Bordado e transgressão: questões de gênero na arte de Rosana Paulino e Rosana PalazyanAna Paula Simioni0Universidade de São PauloÉ possível se afirmar que os objetos artísticos, em virtude de seus atributos materiais (e não somente sua autoria), possuem um “gênero”? As artes têxteis, e em particular os bordados, parecem ser o caso de objetos “naturalmente atrelados ao fazer feminino”. Pretende-se debater o modo com que tais faturas foram, historicamente, feminizadas no mundo artístico ocidental, como resultado do processo de imposição do sistema acadêmico. Desde o século XVI, as academias passaram a congregar a formação e a consagração dos artistas. Vale notar que, tal sistema estabelecia a “hierarquia dos gêneros”, um sistema de classificação das modalidades artísticas que as escalonava, estabelecendo como modalidade mais “alta” a pintura de história, domínio quase exclusivo dos artistas homens, e condenando como “baixas” as artes aplicadas, vistas como domésticas e, por extensão, femininas. Com o advento do feminismo, nos anos 1970, artistas como a norte-americana Miriam Schapiro articularam uma revalorização das tradições “femininas” a um discurso político denunciador das práticas de discriminação de gênero operantes dentro da própria disciplina história da arte. No Brasil, desde os anos 1980, verificam-se interessantes propostas de renovação das artes têxteis, notadamente, obras como as de Rosana Paulino e Rosana Palazyan merecem atenção pela capacidade de operar subversões dos sentidos tradicionalmente atrelados a tais faturas “femininas”; seus bordados propiciam novas formas de olhar e de pensar, extremamente críticas às hierarquias dos gêneros (artísticos e sociais) que vigoram tanto nas práticas cotidianas, quanto nos mundos das arteshttps://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/view/2375
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