Média, tempo e memória

Os média noticiosos tradicionais atuam enquanto dispositivos de seleção, configuração narrativa e difusão dos acontecimentos. A par do poder da narrativa na estruturação do tempo e da experiência, pode considerar-se que a seleção pelos média do que se entende marcar o presente e o passa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Isabel Babo
Format: Article
Language:English
Published: Universidade do Minho 2018-06-01
Series:Vista
Subjects:
Online Access:https://revistavista.pt/index.php/vista/article/view/2995
Description
Summary:Os média noticiosos tradicionais atuam enquanto dispositivos de seleção, configuração narrativa e difusão dos acontecimentos. A par do poder da narrativa na estruturação do tempo e da experiência, pode considerar-se que a seleção pelos média do que se entende marcar o presente e o passado constitui um mecanismo de construção da memória social. Nessa medida, os média "fazem história", entrando no terreno da historiografia, e "fazem memória", participando e intervindo no processo de construção da memória coletiva. Porém, os média digitais, enquanto dispositivos caracterizados pela instantaneidade, velocidade, retenção e propagação de imagens e mensagens, introduzem novas possibilidades de comunicação, divulgação e arquivo, alterando, simultaneamente, as relações ao espaço e ao tempo. Interessa- nos interrogar se, uns e outros, média tradicionais e média digitais, de modos distintos, concorrem para a construção da memória coletiva ou, contrariamente, para o seu enfraquecimento, já que as novas tecnologias de informação e comunicação desenvolvem possibilidades ilimitadas de disseminação, de arquivo e de memória técnica, mas também desmaterializam e destemporalizam. Nessa medida, importa indagar se as relações ao tempo, ao lugar e à memória, estão em vias de sofrer alterações. Para compreender como os média tradicionais e as novas tecnologias digitais intervêm na construção da memória, começa por esboçar-se um ponto de vista sobre uma fenomenologia e uma pragmática da memória, passando à questão da memória coletiva e da relação entre a história e a memória, para aplicar este questionamento às relações entre acontecimento, média e arquivo, à tecnicidade da memória, e às novas relações ao tempo e ao lugar nas redes.
ISSN:2184-1284