A carta-objeto: uma análise semiótica da plástica das cartas de Sá-Carneiro
O presente artigo tem por objetivo descrever e analisar as estruturas materiais, morfológicas e práticas que organizam e definem a dimensão plástica da carta típica da correspondência de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, partindo de uma perspectiva em que se toma a carta como objeto tridimensio...
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Universidade de São Paulo, Letras e Ciências Humanas
2012-12-01
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doaj-3dc4f8b800c546f59044ccc737eeb4422020-11-25T03:04:15ZengUniversidade de São Paulo, Letras e Ciências HumanasEstudos Semióticos1980-40162012-12-018210.11606/issn.1980-4016.esse.2012.49509A carta-objeto: uma análise semiótica da plástica das cartas de Sá-CarneiroMatheus Nogueira Schwartzmann0Universidade de FrancaO presente artigo tem por objetivo descrever e analisar as estruturas materiais, morfológicas e práticas que organizam e definem a dimensão plástica da carta típica da correspondência de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, partindo de uma perspectiva em que se toma a carta como objeto tridimensional, inserido no seio de uma prática semiótica dada, a prática epistolar. Propõe-se aqui, portanto, uma análise que, na esteira das reflexões de Jacques Fontanille, notadamente, parte do nível de pertinência dos textos-enunciados (nível de excelência das análises semióticas de forma geral), passa pelo nível dos objetos-suportes e chega ao nível das práticas semióticas. Busca-se assim inicialmente estabelecer a natureza do objeto analisado – a “carta objeto” – para então dela depreender uma topologia, isto é, a organização espacial e hierárquica dos elementos da carta sá-carneiriana, e uma tipologia, segundo a qual se pode segmentar a correspondência em termos de cartas típicas e atípicas, as quais chamamos aqui de “cartas alteradas”. Diante das cartas típicas, percebe-se o domínio do sujeito sobre o “gênero de prática” de que se vale – a escrita de cartas – o que lhe permite manter uma alta regularidade temática e figurativa análoga à topologia também regular que estabelece. Já no que concerne às cartas alteradas, percebe-se uma “criatividade” do sujeito que, em meio à coerção formal do objeto-suporte e da prática epistolar, encontra uma forma de existência inédita que rompe com a norma e confirma o papel temático de poeta inventivo que assume na correspondência.http://www.revistas.usp.br/esse/article/view/49509prática semiótica cartaobjeto-suporteSá-Carneiro |
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Matheus Nogueira Schwartzmann |
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O presente artigo tem por objetivo descrever e analisar as estruturas materiais, morfológicas e práticas
que organizam e definem a dimensão plástica da carta típica da correspondência de Mário de Sá-Carneiro a
Fernando Pessoa, partindo de uma perspectiva em que se toma a carta como objeto tridimensional, inserido no
seio de uma prática semiótica dada, a prática epistolar. Propõe-se aqui, portanto, uma análise que, na esteira
das reflexões de Jacques Fontanille, notadamente, parte do nível de pertinência dos textos-enunciados (nível de
excelência das análises semióticas de forma geral), passa pelo nível dos objetos-suportes e chega ao nível das
práticas semióticas. Busca-se assim inicialmente estabelecer a natureza do objeto analisado – a “carta objeto” –
para então dela depreender uma topologia, isto é, a organização espacial e hierárquica dos elementos da carta
sá-carneiriana, e uma tipologia, segundo a qual se pode segmentar a correspondência em termos de cartas
típicas e atípicas, as quais chamamos aqui de “cartas alteradas”. Diante das cartas típicas, percebe-se o domínio
do sujeito sobre o “gênero de prática” de que se vale – a escrita de cartas – o que lhe permite manter uma alta
regularidade temática e figurativa análoga à topologia também regular que estabelece. Já no que concerne às
cartas alteradas, percebe-se uma “criatividade” do sujeito que, em meio à coerção formal do objeto-suporte e da
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