Zoomorfismos, botanismos, gastronomismos: é assim que devem ser classificados os fraseologismos?
<p>No estudo das expressões idiomáticas, emprega-se com frequência uma taxonomia que estabelece categorias fraseológicas com base na classe hiperonímica de um dos nomes que ocorrem na expressão. Dessa forma, costuma-se usar uma classificação que inclui termos como <em>zoomorfismos, botan...
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Universidade Federal de Minas Gerais
2014-10-01
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Series: | Caligrama: Revista de Estudos Românicos |
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doaj-3b5798e840724863a62e44f310511bf32020-11-24T21:38:19ZcatUniversidade Federal de Minas GeraisCaligrama: Revista de Estudos Românicos0103-21782238-38242014-10-0119217919610.17851/2238-3824.19.2.179-1964882Zoomorfismos, botanismos, gastronomismos: é assim que devem ser classificados os fraseologismos?Lúcia Monteiro de Barros Fulgêncio0Universidade Federal de Minas Gerais<p>No estudo das expressões idiomáticas, emprega-se com frequência uma taxonomia que estabelece categorias fraseológicas com base na classe hiperonímica de um dos nomes que ocorrem na expressão. Dessa forma, costuma-se usar uma classificação que inclui termos como <em>zoomorfismos, botanismos, indumentismos, somatismos </em>e <em>gastronomismos, </em>por exemplo. <em>Falar cobras e lagartos </em>seria um zoomorfismo; por outro lado, <em>plantar bananeira </em>seria um botanismo. O presente artigo tem o objetivo de questionar a adequação e a pertinência de tal classificação. Apesar de esse uso constituir a praxe em vários estudos fraseológicos, acreditamos ser necessário rever a conveniência desse tipo de agrupamento taxonômico e discutir a pertinência da nomenclatura, tendo em vista, sobretudo, a não conformidade da classificação com o conteúdo semântico da expressão. Para questionar a adequação dessa classificação são apresentados argumentos como a falta de referência dos nomes internos às expressões idiomáticas e a impossibilidade de recuperação anafórica. Esses traços mostram a inconveniência de se estabelecer uma taxonomia com base em nomes cujos esquemas cognitivos não são evocados e cuja semântica individual não é preservada.</p> <p>In the study of idiomatic expressions, a frequently used taxonomy establishes phraseological categories based on the hyperonymic class of one of the nouns occurring in the expression. A classification has been proposed that includes terms such as <em>zoomorphisms, botanisms, indumentisms, somatisms </em>and <em>gastronomisms</em>, for example. <em>Falar cobras e lagartos </em>(‘to speak ill of’, literally ‘to speak snakes and lizards’) is considered a zoomorfism; on the other hand, <em>plantar bananeira </em>(‘to stand on one’s head’, literally ‘to plant a banana-tree’) is considered a botanism. The present paper takes to question the adequacy and convenience of this kind of classification. Although this taxonomy has been used as praxis in many studies about phraseologisms, we believe that it is necessary to reconsider this kind of grouping and the adequacy of the nomenclature, mainly because of the non-conformity of the classification to the semantic content of the expression. We present arguments like the lack of reference of nouns found within the idiomatic expressions, and the impossibility of anaphoric recovering. Both features point out to the inconvenience of establishing a taxonomy based on words that correspond to no evoked schemata, and whose individual semantic content is not preserved.</p>http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/caligrama/article/view/6273expressão fixafraseologiataxonomia dos fraseologismoslexicologiafixed expressionidiomphraseologytaxonomy of idiomslexicology |
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<p>No estudo das expressões idiomáticas, emprega-se com frequência uma taxonomia que estabelece categorias fraseológicas com base na classe hiperonímica de um dos nomes que ocorrem na expressão. Dessa forma, costuma-se usar uma classificação que inclui termos como <em>zoomorfismos, botanismos, indumentismos, somatismos </em>e <em>gastronomismos, </em>por exemplo. <em>Falar cobras e lagartos </em>seria um zoomorfismo; por outro lado, <em>plantar bananeira </em>seria um botanismo. O presente artigo tem o objetivo de questionar a adequação e a pertinência de tal classificação. Apesar de esse uso constituir a praxe em vários estudos fraseológicos, acreditamos ser necessário rever a conveniência desse tipo de agrupamento taxonômico e discutir a pertinência da nomenclatura, tendo em vista, sobretudo, a não conformidade da classificação com o conteúdo semântico da expressão. Para questionar a adequação dessa classificação são apresentados argumentos como a falta de referência dos nomes internos às expressões idiomáticas e a impossibilidade de recuperação anafórica. Esses traços mostram a inconveniência de se estabelecer uma taxonomia com base em nomes cujos esquemas cognitivos não são evocados e cuja semântica individual não é preservada.</p> <p>In the study of idiomatic expressions, a frequently used taxonomy establishes phraseological categories based on the hyperonymic class of one of the nouns occurring in the expression. A classification has been proposed that includes terms such as <em>zoomorphisms, botanisms, indumentisms, somatisms </em>and <em>gastronomisms</em>, for example. <em>Falar cobras e lagartos </em>(‘to speak ill of’, literally ‘to speak snakes and lizards’) is considered a zoomorfism; on the other hand, <em>plantar bananeira </em>(‘to stand on one’s head’, literally ‘to plant a banana-tree’) is considered a botanism. The present paper takes to question the adequacy and convenience of this kind of classification. Although this taxonomy has been used as praxis in many studies about phraseologisms, we believe that it is necessary to reconsider this kind of grouping and the adequacy of the nomenclature, mainly because of the non-conformity of the classification to the semantic content of the expression. We present arguments like the lack of reference of nouns found within the idiomatic expressions, and the impossibility of anaphoric recovering. Both features point out to the inconvenience of establishing a taxonomy based on words that correspond to no evoked schemata, and whose individual semantic content is not preserved.</p> |
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