Summary: | Este artigo parte da perspectiva do materialismo pós-humano, uma linha de pesquisa que assume o presente como um contexto pós-antropocêntrico e pós-natural no qual se tornou indispensável reconsiderar as diversas lógicas de existência que povoam a Terra. Ou seja, trata-se de pensar sobre o espaço pós/desumano que se abre com a interação, a hibridização e a co-surgimento de todo o existente em que atores humanos estão presentes, mas não mais no centro da ação, senão em uma mistura de agencialidades diversificadas. En esta oportunidad será apresentada uma leitura de Las aventuras de la China Iron, de Gabriela Cabezón Cámara (2017), a partir de uma estética materialista pós-humana. Por um lado, na medida em que o narrador é um animal humano, o romance será entendido como uma descrição horizontal e não hierárquica do lugar da “humanidade” no planeta; e, por outro lado, como a exploração das mutuamente potencias de agir, pensar e sentir do existente em geral: o animal, o vegetal e o mineral não mais taxonomizados em reinos, senão que misturados no “compost” intransigível, ingovernável e fértil que poderia ser o “deserto” argentino. Assim, como reescrita de Martín Fierro, um texto considerado fundacional da identidade nacional argentina, o romance de Cabezón Cámara poderia ser a fabulação de uma “matria” queer e holoentica que abriga criaturas de múltiplas espécies e reinos
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