À margem: escrita de exceção em cartas controladas pelo estado = On the margins: writing of exception in letters controlled by the state

O objetivo deste estudo é apresentar como a linguagem se materializa, enquanto um ritual que falha, no texto-carta produzido por pessoas em situação de segregação. Os conceitos teóricos de Michel Pêcheux, Eni Orlandi e outros autores serão norteadores da reflexão sobre essa escrita direcionada por u...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Vera Lucia Silva, Juliana da Silveira
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual de Maringá 2013-04-01
Series:Acta Scientiarum : Language and Culture
Subjects:
Online Access:http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciLangCult/article/download/16932/pdf
Description
Summary:O objetivo deste estudo é apresentar como a linguagem se materializa, enquanto um ritual que falha, no texto-carta produzido por pessoas em situação de segregação. Os conceitos teóricos de Michel Pêcheux, Eni Orlandi e outros autores serão norteadores da reflexão sobre essa escrita direcionada por uma legislação que impede, mas também autoriza o Estado a acionar seu olhar panóptico sobre esses sujeitos que, na posição de presidiários, tem o ‘direito’ de manter seu vínculo social com a sociedade extramuro. A evidência de uma língua transparente e sentido literal se desfazem diante da ilusão de completude que o Estado produz no modo como esse sujeito pode e deve escrever sua correspondência, mediante uma legislação que o norteia. Mas as falhas vão permeando esse ritual de escrita e o desejo do ‘escape’ produzem outros sentidos em um espaço que tenta controlar os movimentos desses agentes de violência que se materializam no desejo de transpor os muros e ir ao encontro do seu sonho de liberdade, via correio.<br><br>This study aimed at presenting how language materialize, as a ritual that fails, in the context text-letter produced by people in a segregating situation. Michel Pêcheux’s, Eni Orlandi’s and other authors’ theoretical concepts lead the reflection on this writing directed by legislation that impedes, but that also authorizes the State to set its panoptic look on these subjects, who, being prisoners, have the ‘right’ to keep their social bond to the society outside. The evidence of a transparent language and literal sense vanish facing the completeness illusion that the State produces on the way that this subject can and must write their letters, respecting the legislation surrounding them. However, failures permeate this writing ritual and the desire of ‘escaping’ produce other meanings at a place that attempts to control the moves of these violence agents that materialize in the desire of transposing the gates and meet their dreams of freedom, by mail.
ISSN:1983-4675
1983-4683