Summary: | Narrativas são cada vez mais frequentes em estudos qualitativos para compreender experiências e diferentes visões de sujeitos num dado contexto. Partindo desta concepção, faz-se o resgate de tradições que abordam a narratividade - a filosofia de Paul Ricoeur, a perspectiva histórica em Walter Benjamin e o campo da antropologia médica constituída a partir da fenomenologia. Em Ricoeur, tendo a hermenêutica como pensamento derivado e variante da fenomenologia, a narrativa é ligada à temporalidade. Em Benjamin, a narrativa, sempre inconclusa, feita de restos e fragmentos, emerge à revelia das histórias oficiais. Se Ricoeur retoma de Gadamer a tradição como componente fundamental para a construção de um mundo do texto com que se torna possível a imitação da vida, Benjamin, diante da derrocada da tradição, aponta para a invenção de formas narrativas fora dos cânones tradicionais, possibilitando retomar o passado para transformar o presente. Apresentam-se ainda pressupostos da antropologia médica, que considera a narrativa como dimensão do vivido e não sua abstração, ou seja, uma narrativa corporificada e situada. Por fim, apresentam-se três pesquisas distintas em saúde mental que se utilizam de narrativas, articuladas às correntes teóricas apresentadas, com suas diferenças e aproximações.
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