Quando a escritura se quebra nas ondas

Desviando-se da estrutura tradicional do romance, Virginia Woolf, em As ondas, põe em cena seis vozes cujas falas executam um movimento contínuo de retração e distenção – movimento das ondas. As falas não estabelecem diálogo, apenas se tocam para um novo relance, revivem o passado contraído no prese...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Cleonice Paes Barreto Mourão
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2005-12-01
Series:Aletria: Revista de Estudos de Literatura
Online Access:http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1337
Description
Summary:Desviando-se da estrutura tradicional do romance, Virginia Woolf, em As ondas, põe em cena seis vozes cujas falas executam um movimento contínuo de retração e distenção – movimento das ondas. As falas não estabelecem diálogo, apenas se tocam para um novo relance, revivem o passado contraído no presente e no futuro, cada uma delas marcada por pontos de intensidade, revivências que se repetem por não poderem ser substituídas. O cenário onde se desenrolam as falas é construído por uma narradora que limita o tempo aopercurso de um dia, sempre à beira-mar. Metáfora maior da escritura, o mar se derrama sobre as falas e aí produz um efeito de liquefação: desmancham-se os vetores do tempo, do espaço e das situações, para deixar na superfície a profusão de palavras que sobrenadam os acontecimentos revivenciados.
ISSN:1679-3749
2317-2096