Summary: | O objetivo deste ensaio é refletir acerca das condições de possibilidade para a emergência e efetividade de ações educativas contra-hegemônicas no âmbito dos sistemas públicos de ensino em democracias representativas ocidentais. Partindo das intuições epistemológicas anti-individualistas de Durkheim, que se contrapõem à dicotomia moderna Estadomercado e desqualifica o potencial estruturante, seja da esfera estatal ou privada, defendemos, em diálogo com Apple, que o ambiente escolar, para se credenciar como fonte de vida sui generis (Durkheim), tem de desnaturalizar as relações funcionais que os sistemas públicos de ensino ensejam com aquelas esferas. Tal percepção repercute na questão curricular, uma vez que, requerendo o estabelecimento de elos relacionais alternativos, abre os flancos do ambiente escolar para a presença de interesses e saberes populares coletivos (desinvestindo no indivíduo como unidade de recepção da ação educativa). Dialogando, em tensão com o projeto racionalista, com Ernesto Laclau e Rui Canário, defendemos que o currículo não deve ter objetivos pré-fixados, mas, ao contrário, ter objetivos contingentes, advindos das vicissitudes do fazer educativo
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