Summary: | O livro Os parceiros do Rio Bonito traz uma contribuição admirável ao pensamento social brasileiro por sua relevância ético-política, como obra de denúncia política e crítica social; por sua contribuição formal ou estética, uma fina arquitetura da palavra e da argumentação sociológica e antropológica; e por sua contribuição metodológica, a pertinência do ato crítico aberto e pautado pela fluidez, em contraposição à adesão irrestrita a determinado aparato teórico. À atitude crítica associa-se a atitude mental de empatia pelo objeto, que se afasta de um frio e distante "sociologismo", mas, ao mesmo tempo, se recusa a atribuir-lhe as características que "gostaríamos" que tivesse, conforme a ideologia ou as crenças que partilhamos. A radicalidade dessa obra reside no espírito aberto para a "aventura sociológica", daí resultando a inexistência de "manifestos"ou "normas" de conduta. Todavia, Candido demarca os limites entre o espírito aberto à diversidade e à versatilidade no trato do fenômeno social, de um lado, e a adesão aventureira a um relativismo estéril, de outro. Finalmente, discute-se aqui a íntima relação entre a conduta intelectual do autor - sua postura ética diante do mundo acadêmico - e sua própria obra.
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