Summary: | RESUMO Neste artigo propomos uma análise do trabalho doméstico não remunerado a partir da conjunção de duas perspectivas: a da estratificação social e a da economia doméstica. Para tal desenvolvemos uma escala de estratificação residencial, construída a partir do emprego da teoria da resposta ao item para a coleção dos bens empregados na produção doméstica em cada domicílio participante da Pesquisa de Usos do Tempo de Belo Horizonte. A utilização dessa escala possibilita, por um lado, a valoração de atividades não remuneradas no âmbito doméstico e da ocupação de “dona de casa”, e por outro, o estudo da divisão sexual do trabalho por estrato social. A solidez da escala é indicada pela correlação extremamente alta entre ela e uma escala idêntica, construída a partir de dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, assim como pela correlação relativamente alta com outros índices de estratificação baseadas na ocupação dos indivíduos. Os principais resultados indicam, de um lado, a persistência da divisão sexual do trabalho em todos os estratos socioeconômicos, e, de outro, uma baixa correlação negativa entre status e tempo de cuidados domésticos, exceto para os homens durante fins de semana, quando a relação se torna positiva.
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