Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora

Indagado sobre o que lhe parecia distinto na cultura portuguesa, Hofstede (1997) respondeu: “Portugal é um país tipicamente latino, pertencendo, por isso, ao grupo mais feminino. No entanto, reconheci imediatamente que os portugueses diferem dos outros países latinos e, ao contrário dos espanhóis,...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Arménio Rego
Format: Article
Language:Spanish
Published: Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Gestão e das Organizações da Saúde 2004-01-01
Series:Gestão e Desenvolvimento
Subjects:
Online Access:https://revistas.ucp.pt/index.php/gestaoedesenvolvimento/article/view/107
id doaj-31d09c4cb0e3439b9660ddc5c19a388e
record_format Article
spelling doaj-31d09c4cb0e3439b9660ddc5c19a388e2020-11-25T00:46:34ZspaUniversidade Católica Portuguesa, Instituto de Gestão e das Organizações da SaúdeGestão e Desenvolvimento0872-556X2184-56382004-01-011210.7559/gestaoedesenvolvimento.2004.107Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáforaArménio Rego0Universidade de Aveiro Indagado sobre o que lhe parecia distinto na cultura portuguesa, Hofstede (1997) respondeu: “Portugal é um país tipicamente latino, pertencendo, por isso, ao grupo mais feminino. No entanto, reconheci imediatamente que os portugueses diferem dos outros países latinos e, ao contrário dos espanhóis, não matam os seus touros. Os portugueses tendem a ser mais simpáticos para as pessoas e são bons negociadores, tentando sempre encontrar uma via pacífica. Por isso, resolvem muitos problemas negociando, e não guerreando” (p. 40). Gannon, num livro (2001) destinado a comparar as culturas de 23 nações, conotou Portugal com uma metáfora: “Tourada portuguesa”. Neste artigo, far-se-á luz interpretativa sobre vários estudos realizados em Portugal, os quais apontam em vários sentidos: (a) o perfil motivacional mais frequente em amostras portuguesas segue a seguinte hierarquia, por ordem decrescente: afiliação, sucesso, poder; (b) este perfil é consonante com o outrora extraído por McClelland (1961); (c) na linha da hipótese de McClelland (1987, 1992), os trabalhos realizados em Portugal sugerem que o perfil de liderança mais eficaz combina elevadas motivações para o poder e para a afiliação; (d) de entre os 4 estilos comunicacionais aventados por Alessandra e Hunsaker (1993), o mais frequente (e considerado mais eficaz) é o afiliativo/relacional. Esta convergência afiliativa/relacional sugere a necessidade de os gestores serem cautelosos na “importação” de técnicas e modelos que podem ferir o traço “feminino” português – porventura mais sedento de consideração individualizada, comunicação afiliativa/social e “diplomática”, harmonia interpessoal, gestão cooperativa de conflitos. https://revistas.ucp.pt/index.php/gestaoedesenvolvimento/article/view/107FeminilidadeAfiliaçãoCultura
collection DOAJ
language Spanish
format Article
sources DOAJ
author Arménio Rego
spellingShingle Arménio Rego
Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora
Gestão e Desenvolvimento
Feminilidade
Afiliação
Cultura
author_facet Arménio Rego
author_sort Arménio Rego
title Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora
title_short Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora
title_full Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora
title_fullStr Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora
title_full_unstemmed Uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora
title_sort uma visão peculiar sobre a cultura nacional: a "tourada portuguesa" como metáfora
publisher Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Gestão e das Organizações da Saúde
series Gestão e Desenvolvimento
issn 0872-556X
2184-5638
publishDate 2004-01-01
description Indagado sobre o que lhe parecia distinto na cultura portuguesa, Hofstede (1997) respondeu: “Portugal é um país tipicamente latino, pertencendo, por isso, ao grupo mais feminino. No entanto, reconheci imediatamente que os portugueses diferem dos outros países latinos e, ao contrário dos espanhóis, não matam os seus touros. Os portugueses tendem a ser mais simpáticos para as pessoas e são bons negociadores, tentando sempre encontrar uma via pacífica. Por isso, resolvem muitos problemas negociando, e não guerreando” (p. 40). Gannon, num livro (2001) destinado a comparar as culturas de 23 nações, conotou Portugal com uma metáfora: “Tourada portuguesa”. Neste artigo, far-se-á luz interpretativa sobre vários estudos realizados em Portugal, os quais apontam em vários sentidos: (a) o perfil motivacional mais frequente em amostras portuguesas segue a seguinte hierarquia, por ordem decrescente: afiliação, sucesso, poder; (b) este perfil é consonante com o outrora extraído por McClelland (1961); (c) na linha da hipótese de McClelland (1987, 1992), os trabalhos realizados em Portugal sugerem que o perfil de liderança mais eficaz combina elevadas motivações para o poder e para a afiliação; (d) de entre os 4 estilos comunicacionais aventados por Alessandra e Hunsaker (1993), o mais frequente (e considerado mais eficaz) é o afiliativo/relacional. Esta convergência afiliativa/relacional sugere a necessidade de os gestores serem cautelosos na “importação” de técnicas e modelos que podem ferir o traço “feminino” português – porventura mais sedento de consideração individualizada, comunicação afiliativa/social e “diplomática”, harmonia interpessoal, gestão cooperativa de conflitos.
topic Feminilidade
Afiliação
Cultura
url https://revistas.ucp.pt/index.php/gestaoedesenvolvimento/article/view/107
work_keys_str_mv AT armeniorego umavisaopeculiarsobreaculturanacionalatouradaportuguesacomometafora
_version_ 1725264474535886848