Summary: | Este trabalho propõe reflexões sobre o consenso acerca da ideia de fracasso nacional que domina o cenário da crítica sociopolítica brasileira. Comumente elaborada a partir de comparações por contraste, essa ideia do fracasso brasileiro diante das promessas da Modernidade se fundamenta numa naturalização histórica de problemas estruturais complexos. Dócil ao questionar o paradigma ocidental, a crítica dominante é feroz com o que considera ser o elemento-chave do problema: “o brasileiro”. Suposta raiz do problema para a qual esses discursos convergem, “o brasileiro” aparece como um tipo social inacabado, devendo, assim, ser educado, moldado, europeizado. Por isso é tão comum o argumento da educação à cidadania aparecer como remédio à ideia de persistência de uma cultura pré-moderna que impediria o progresso e a civilização de florescerem. Problemático, pois contribui para uma opacidade teórica que invisibiliza questões estruturais fundamentalmente modernas e legitima o status quo de desigualdades, esse consenso é sintomático de um viralatismo em grande parte devido a um passado colonial ainda presente. Por essas razões, este trabalho analisará, tendo a questão educacional como fio condutor, discursos que (re)produzem a ideia do fracasso brasileiro desde o século XIX, questionando o ponto cego da crítica dominante. O objetivo é propor, através do arsenal teórico-metodológico pós-colonial, reflexões para a construção de uma crítica sociopolítica brasileira por e para as margens.
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