Summary: | Trata este artigo da investigação da literatura e de seus instrumentos de ensino na organização do trabalho didático na escola burguesa. Assenta-se a discussão nos fundamentos da Ciência da História defendida por Marx e Engels em A Ideologia Alemã (1987, p. 23), que afirmam ser a história a única ciência efetivamente. Fundamentado na ideia de que é por meio da história que se pode apreender os objetos em sua gênese, desenvolvimento e obsolescência, este trabalho buscou captar, no contraponto com a Idade Média, a historicidade da literatura tal como ela se configurou em instrumentos didáticos específicos – manuais, compêndios e antologias – produzidos pela burguesia, ao longo do desenvolvimento do capitalismo. O objetivo foi delinear as perdas que sofreu a literatura nesse caminho, dentro de uma organização didática em que os instrumentos para o ensino da literatura, seguindo o espírito da escola manufatureira, relegou a literatura a um conteúdo sem expressão, feito de resumos e fragmentos. Para tanto procedeu ao levantamento e seleção desses instrumentos, buscando demonstrar por meio de sua análise, que na organização do trabalho escolar de nossos dias não há lugar para as altas literaturas que compõem o grande patrimônio cultural da humanidade.
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