Ética à Ciência e à Estética: modelos e posturas teóricas da sociologia

Este ensaio examina os modelos teóricos que dominaram a ciência da Sociologia de índole especial, representações que permitem simulação e previsão, e, que, uma vez assimiladas e transformadas em regras, se incorporam à vida dos atores - indivíduos, grupos e comunidades históricas (nações, classes so...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Pedro Scuro Neto
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Fundação Joaquim Nabuco 2011-06-01
Series:Cadernos de Estudos Sociais
Online Access:https://fundaj.emnuvens.com.br/CAD/article/view/1293
Description
Summary:Este ensaio examina os modelos teóricos que dominaram a ciência da Sociologia de índole especial, representações que permitem simulação e previsão, e, que, uma vez assimiladas e transformadas em regras, se incorporam à vida dos atores - indivíduos, grupos e comunidades históricas (nações, classes sociais e culturas). A tais representações correspondem paradigmas ou modelos sociais de cognição e conduta constituídos pelas próprias disciplinas científicas, expressando valores e crenças subjacentes, e reproduzindo as premissas fundamentais da cultura sobre a realidade, a condição humana, a moralidade, fontes de certeza e de verdade. Ao mesmo tempo, teorias precisam ser relevantes na prática, o que significa refletir determinadas atitudes diante de problemas cruciais, em especial os que despontam em períodos onde a humanidade vive suas horas mais decisivas. Consequentemente, são igualmente examinadas as posturas teóricas que frequentemente associam a perspectiva sociológica com objetivos audaciosos: explicar e prever com ajuda de métodos rigorosos e conceitos bem delineados, sem todavia - à diferença dos modelos teóricos - recorrer estritamente a deduções (isto é, tirar conclusões a partir de certas premissas, impugnadas caso a conclusão seja negada ou infirmada), mas à intuição ("relação direta entre mente e objeto"), engenho e sentido estético do observador que busca a comprovação de suas hipóteses. Tal procedimento se justifica uma vez que a especificidade da modernidade não reside somente no intelecto, razão que impõe regras, mas na vertente sensual, especificamente em apercepções estéticas que outorgam aos modernos atores complexas características sociais e contribuem para a harmonia da sociedade. The present essay investigates the theoretical models that have dominated such a distinctive science of Sociology for almost two centuries. These representations allow for simulation and prediction, and are, once assimilated and shaped into rules, incorporated into the lives of social actors - individuals, social groups and historical communities (countries, social classes and cultures). To theoretical representations correspond paradigms or social models of cognition and behavior that are built by scientific disciplines in order to express underlying values and beliefs, and to reproduce fundamental cultural clauses on reality, human condition, morals, truth and certainty, Theories should at the same time be relevant in practice, which amounts to saying that they must imply attitude towards crucial issues, particularly during society's most decisive hours. Theories must therefore be considered also in the light of postures which often associate the sociological perspective with rather daring goals: explaining and predicting with accurate methodology and clear concepts, though not strictly on a deductive basis - they rely also on the intuition ("direct relation between mind and object'), expertise, and esthetical discernment of scientific observers immersed in the confirmation of hypotheses. Such an option is a fair one, as the specificity of modernity is not restricted to intellect, rule-imposing reason; it equally dwells in esthetical apperception (Leibniz's "reflective consciousness", or Kant's "consciousness of oneself as unity"), an Epicurean slope bestowing complex social characteristics to modern man and ensuring social compatibility.
ISSN:0102-4248
2595-4091