Summary: | Este artigo busca contribuir para uma discussão sobre as possíveis consequências de um rompimento do vínculo com o lugar a partir do estudo da realocação de uma cidade, Itacuruba-PE, que existia à beira do Rio São Francisco, devido à construção da hidrelétrica de Itaparica. Hoje Itacuruba é a cidade brasileira que mais usa antidepressivos em termos percentuais, atingindo um percentual de 63% da população com depressão, segundo dados do Conselho Regional de Medicina (CREMEPE). O artigo objetiva identificar os elementos espaciais que faziam parte da construção da identidade do morador da antiga Itacuruba e expor as rupturas provocadas, que podem ter tido como consequência os impactos à saúde mental. Para tal, foi feito um aprofundamento teórico sobre os temas o rompimento dos vínculos do grupo com o lugar com o qual estava enraizado, buscando-se apoio nos estudos de Mircea Eliade, sobre a atribuição de sagrado por sociedades tradicionais aos lugares onde vivem, e nos de Maurice Halbwachs, sobre memória coletiva e as imagens espaciais que a sustentam. Buscou-se explicar o contexto do nacional-desenvolvimentismo, a construção da hidrelétrica, e as particularidades do processo, por meio de pesquisa documental nos arquivos da CHESF. Para revelar os impactos provocados pelo plano da nova cidade, foram aplicados estudos da morfologia urbana (Panerai, Lynch e Cullen) sobre as formas da velha e nova cidade de Itacuruba, além de visita de campo e aplicação de entrevistas a 15 moradores que passaram pela experiência de realocação.
PALAVRAS-CHAVE: realocação de cidade; urbanismo moderno; memória coletiva, morfologia urbana, dessacralização
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