A teatralidade como vetor do ensaio fílmico no documentário brasileiro contemporâneo
<p>Este texto analisa o filme <em>Jogo de cena</em> (2007), de Eduardo Coutinho, recorrendo aos conceitos de filme-ensaio e de teatralidade e tendo como contexto histórico o documentário brasileiro contemporâneo. Pensado como exercício livre das regras de género, o filme-ensaio req...
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Associação de Investigadores da Imagem em Movimento
2014-01-01
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doaj-205f7acf1aeb4b1dad0c60f7a43067e32020-11-24T21:43:43ZengAssociação de Investigadores da Imagem em MovimentoAniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento2183-17502014-01-0111334810.14591/aniki.v1n1.527A teatralidade como vetor do ensaio fílmico no documentário brasileiro contemporâneoIsmail Xavier0Universidade de São Paulo<p>Este texto analisa o filme <em>Jogo de cena</em> (2007), de Eduardo Coutinho, recorrendo aos conceitos de filme-ensaio e de teatralidade e tendo como contexto histórico o documentário brasileiro contemporâneo. Pensado como exercício livre das regras de género, o filme-ensaio requer a presença explícita de uma dimensão reflexiva que se apoia no emprego de formas e técnicas cinematográficas concretas. Se filmes como <em>Lettre de Sibérie</em>, <em>Deux ou trois choses que je sais d’elle </em>(1966), de Godard, ou também <em>Santiago </em>(2007), de João Moreira Salles, são ensaios que se constituem pela justaposição entre comentário <em>over</em> e imagem, <em>Jogo de cena</em>, ao contrário, se apoia somente na entrevista em som direto. A indistinção entre mulheres voluntárias que narram a sua própria experiência e atrizes que seguem um <em>script </em>tornam os seus relatos de vida, cada qual a seu modo, expressivos, embora não necessariamente ‘verdadeiros’. Forma de comentar a teatralidade implicada na relação entre depoente, câmera e cineasta, esta indefinição obriga a repensar a relação entre registro documental e teatro, pessoa e personagem, dando ensejo a uma reflexão sobre o sujeito como um constructo e os seus ‘relatos de vida’ como performances catalisadas pelo efeito-câmera. Coutinho inova porque trabalha a reflexividade numa intersecção em que o meta-cinema encontra o meta-teatro, constituindo um filme-ensaio.</p>http://aim.org.pt/ojs/index.php/revista/article/view/52Documentário brasileiroEduardo Coutinhofilme-ensaioreflexividadeteatralidade |
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<p>Este texto analisa o filme <em>Jogo de cena</em> (2007), de Eduardo Coutinho, recorrendo aos conceitos de filme-ensaio e de teatralidade e tendo como contexto histórico o documentário brasileiro contemporâneo. Pensado como exercício livre das regras de género, o filme-ensaio requer a presença explícita de uma dimensão reflexiva que se apoia no emprego de formas e técnicas cinematográficas concretas. Se filmes como <em>Lettre de Sibérie</em>, <em>Deux ou trois choses que je sais d’elle </em>(1966), de Godard, ou também <em>Santiago </em>(2007), de João Moreira Salles, são ensaios que se constituem pela justaposição entre comentário <em>over</em> e imagem, <em>Jogo de cena</em>, ao contrário, se apoia somente na entrevista em som direto. A indistinção entre mulheres voluntárias que narram a sua própria experiência e atrizes que seguem um <em>script </em>tornam os seus relatos de vida, cada qual a seu modo, expressivos, embora não necessariamente ‘verdadeiros’. Forma de comentar a teatralidade implicada na relação entre depoente, câmera e cineasta, esta indefinição obriga a repensar a relação entre registro documental e teatro, pessoa e personagem, dando ensejo a uma reflexão sobre o sujeito como um constructo e os seus ‘relatos de vida’ como performances catalisadas pelo efeito-câmera. Coutinho inova porque trabalha a reflexividade numa intersecção em que o meta-cinema encontra o meta-teatro, constituindo um filme-ensaio.</p> |
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