Democracia racial: o não-dito racista Racial democracy as unspoken racism

Na "democracia racial", o discurso racial entrincheirou-se no discurso "vulgar" (aforismático, passional, informal e privado), por meio da forma do não-dito racista que se consolidou, intimamente ligado às relações "cordiais", paternalistas e patrimonialistas de poder,...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ronaldo Sales Jr.
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de Sâo Paulo 2006-11-01
Series:Tempo Social
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702006000200012
Description
Summary:Na "democracia racial", o discurso racial entrincheirou-se no discurso "vulgar" (aforismático, passional, informal e privado), por meio da forma do não-dito racista que se consolidou, intimamente ligado às relações "cordiais", paternalistas e patrimonialistas de poder, como um pacto de silêncio entre dominados e dominadores. O não-dito é uma técnica de dizer alguma coisa sem, contudo, aceitar a responsabilidade de tê- la dito, resultando daí a utilização pelo discurso racista de uma diversidade de recursos tais como implícitos, denegações, discursos oblíquos, figuras de linguagem, trocadilhos, chistes, frases feitas, provérbios, piadas e injúria racial, configurando a não-intencionalidade da discriminação racial.<br>In racial democracy, racial discourse entrenched itself in popular speech (aphorismatic, emotive, informal and private) by means of the not-said. That discourse, closed tied to paternalist and patrimonial power relationships, is established as a silence pact between dominant and dominated. The not-said is a device to say something without acknowledging the responsibility for saying it. Racist discourse employs several devices, including hidden meanings, ambiguities, figures of speech, jokes, commonplaces, racial insults and proverbs, thus shaping the non-intentional character of racial discrimination.
ISSN:0103-2070
1809-4554