Um ensaio sobre práticas desejantes
Este artigo devir ensaio que irrompe de exercícios que estamos fazendo numa busca por fendas e brechas e ranhuras em nossa tese de doutorado, já defendida, na qual criamos possibilidades para compreender o que pode o rigor em cursos de licenciatura em matemática quando considerado na ordem do acont...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade Estadual do Ceará
2021-06-01
|
Series: | Boletim Cearense de Educação e História da Matemática |
Subjects: | |
Online Access: | https://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/article/view/5127 |
Summary: | Este artigo devir ensaio que irrompe de exercícios que estamos fazendo numa busca por fendas e brechas e ranhuras em nossa tese de doutorado, já defendida, na qual criamos possibilidades para compreender o que pode o rigor em cursos de licenciatura em matemática quando considerado na ordem do acontecimento – um rigor que se desdobra em várias possibilidades quando se retira o artigo definido masculino que o acompanha. Naquele momento, a partir de um olhar para entrevistas feitas com licenciandos e professores de matemática, ainda em nosso mestrado, e de largo estudo teórico, trabalhamos incansavelmente na composição de narrativas que ajudaram a construir um lugar de respiro – assim como praticantes de yoga, inspiramos e expiramos profundamente na tentativa de abrir espaço entre os órgãos aparentemente conexos. Encontramos uma possibilidade de tratar o rigor discursivamente e de olhar para falas de uma professora que ensina matemática, sem interpretações ou julgamentos, apenas observando seus afetos passando e atravessando, mostrando-nos novos possíveis para rigor em todas as suas entrelinhas. O resultado desse movimento de des(re)construção do rigor deixou uma infinidade de lacunas e, sendo assim, novas reflexões tornam-se urgentes. Deste modo, o objetivo deste artigo-ensaio é o de adentrar numa das fendas encontradas, continuar compondo e experimentando e, parafraseando Manoel de Barros, repetindo e repetindo até ficar diferente. Mas, que fenda seria essa? Aquela em que adentramos ao tentarmos estabelecer uma linha divisória entre práticas docentes e práticas de estudantes, quando levamos em consideração práticas, táticas e estratégias operadas no interior dos limites de cursos de licenciatura em matemática. Através de um convite para que visitemos pensadores da diferença, tais como Deleuze, Guattari, Rolnik, Foucault, Nietzsche e Lapoujade, tentamos construir uma relação docente-estudante pautada no desejo – um desejo como lugar a ser ocupado por afetos que pedem passagem. No entanto, para conseguir operar tal prática desejante, entendemos que, antes, é preciso compor uma fuga e deixar para trás tudo aquilo que identifica e que rotula – ou seja, abandonar o eu e vislumbrar uma composição de algo totalmente conectado aos outros que circundam e aos afetos que atravessam. Nesse caminho, através de um encadeamento de ideias e de alguns desdobramentos e de duas conjecturas e de uma multiplicidade de entrelinhas, este artigo-ensaio possibilita um pensar sobre a relação docente-estudante a partir de um prisma fora de qualquer categorização prévia, seja em relação às características identitárias ou, mesmo, de práticas devidamente assentadas em modos de agir que garantem a permanência de tais práticas. Uma relação que assume a alteridade e que não vê no outro um lugar distante e inalcançável e que nos falta, mas, sim, que enxerga no outro um ser que coabita e que participa integralmente daquilo que nos tornamos a partir de práticas que compartilhamos. Uma relação docente-estudante pautada na ordem do acontecimento, que compõe existências autênticas e que afirma formas de resistências. Novamente, repito: este artigo devir ensaio e é um convite para que pensemos sobre práticas de professor e práticas de estudante operadas na ordem do acontecimento.
|
---|---|
ISSN: | 2357-8661 2447-8504 |