Rebeliões urbanas e a desestruturação das classes populares (França, 2005) Urban revolts and the destructuring of the working class (France 2005)

Tomando como ponto de partida a rebelião urbana ocorrida na França em outubro-novembro de 2005, os autores chamam a atenção para o que consideram novidade em relação às outras ocorridas na França nas últimas décadas: a participação de jovens "ordinários", por vezes bem situados no sistema...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Stéphane Beaud, Michel Pialoux
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de Sâo Paulo 2006-06-01
Series:Tempo Social
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702006000100003
Description
Summary:Tomando como ponto de partida a rebelião urbana ocorrida na França em outubro-novembro de 2005, os autores chamam a atenção para o que consideram novidade em relação às outras ocorridas na França nas últimas décadas: a participação de jovens "ordinários", por vezes bem situados no sistema de ensino e integrados no mercado de trabalho, porém quase sempre em situações precárias e instáveis, sem chances de evoluir socialmente. Evidência primeira de uma profunda degradação das condições de trabalho nos últimos anos, os autores tecem um quadro social em que se articulam desemprego, trabalho precário e fechamento de horizontes de futuro, situações de fracasso escolar e agravamento da segregação urbana, junto com formas abertas de racismo que atingem diretamente os jovens filhos de famílias imigrantes, em boa parte moradores dos conjuntos habitacionais. A questão proposta pelos autores é a necessidade de inscrever esses acontecimentos no quadro mais amplo da desestruturação das classes populares francesas, ou seja: a questão importante a ser compreendida é a condição operária "após a classe operária". Os autores retomam discussões de seu livro Retour sur la condition ouvrière (1999), com o agravamento da condição operária nos anos mais recentes, da qual os sinais de racismo no meio operário são ao mesmo tempo sintoma e efeito.<br>Taking as a starting point the urban revolts that exploded in France in October-November 2005, the authors call attention to a new aspect distinguishing these events from other forms of civil protest in France during the last few decades: the involvement of 'ordinary' youths, often well placed within the educational system and integrated in the work market, but almost always in precarious and unstable situations, without chances to evolve socially. Providing primary evidence of a profound deterioration in working conditions over recent years, the authors describe a social setting that combines unemployment, precarious work and the closure of future prospects, failures in schooling and the worsening of urban segregation, alongside open forms of racism that directly affect the young children of immigrant families, in large part residents of housing estates. The question proposed by the authors is the need to locate these events within the broader setting of the destructuring of the French working class. The key question to be understood is the working condition "after the working class." The authors resume discussions found in their book Retour sur la condition ouvrière (1999), analyzing the worsening of working conditions in more recent years and noting that the signs of racism in the working class environment are both a symptom and an effect.
ISSN:0103-2070
1809-4554