Amor e saber na experiência analítica
A oferta da construção de um saber sobre si e seu sofrimento marca a peculiaridade da proposta da psicanálise. Assim, no início do século XX, o jovem oficial que mais tarde ficou conhecido como ‘O homem dos ratos’ procurou Freud porque vislumbrou esclarecimentos para seus estranhos pensamentos em um...
Main Authors: | , |
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Format: | Article |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidade de Fortaleza
2016-05-01
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Series: | Revista Subjetividades |
Subjects: | |
Online Access: | https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/4882 |
Summary: | A oferta da construção de um saber sobre si e seu sofrimento marca a peculiaridade da proposta da psicanálise. Assim, no início do século XX, o jovem oficial que mais tarde ficou conhecido como ‘O homem dos ratos’ procurou Freud porque vislumbrou esclarecimentos para seus estranhos pensamentos em um livro desse autor. Em princípio, é porque ‘quer saber’ o que lhe faz sofrer que um sujeito procura um analista. Desde os primórdios da clínica psicanalítica, a especificidade da concepção de saber é marcada por sua relação com o inconsciente. É que se pode vislumbrar mesmo na escolha do termo alemão Unbewusst, que aponta para um ‘saber que não se sabe’ para designar o inconsciente. Avançando nessa vertente, Lacan apresenta o inconsciente freudiano como ‘inteiramente redutível a um saber’. Esse saber, particular, próprio a cada um, inalienável, deve ser construído em cada caso. Todavia, nos dias atuais, essa proposta entra em desarmonia com a de um saber ‘universal’, ‘para todos’, prometido pela ciência. No que concerne o sofrimento psíquico, tal saber é colocado à disposição do público por especialistas que promovem avaliações padronizadas, anulando aquilo o que é próprio a cada um. Na contramão dessa corrente, a psicanálise abre mão dos questionários e manuais, instrumentos da avaliação. Então, como, a partir dela, ter acesso ao saber? Essa é a questão que norteia este artigo. Para tal, seguiremos a indicação freudiana de que esse acesso se faz pela via do amor, amor transferencial, confiança depositada no analista. Pela transferência, o analista se encontra na posição de saber suposto. Isso permite àquele que fala se interessar por saber. Todavia, frente à configuração da cultura atual, em uma época regida pela desconfiança, interessa-nos refletir sobre os obstáculos no caminho do estabelecimento desta experiência. |
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ISSN: | 2359-0777 2359-0777 |