Summary: | RESUMO O objetivo desse artigo é analisar o plano de distribuição e exibição doFilme do desassossego, do cineasta português João Botelho, com base no Livro do desassossego, de Fernando Pessoa. A iniciativa configurou um sistema incomum de difusão cinematográfica, por assentar-se na exibição do filme em cineteatros e auditórios municipais em uma itinerância nacional por Portugal e pela diversidade de papéis que o realizador assumiu em um projeto concertado com a produtora da obra. A abordagem pretende contribuir para aprofundar o conhecimento dos processos e das dinâmicas de circulação da arte em moldes não estandardizados. O texto evidencia o caráter de interdependência no trabalho cinematográfico e, logo, a menor capacidade de controle por parte dos cineastas na gestão de diversos recursos de produção e difusão. Ilustra ainda os efeitos de uma conjugação particular entre arte e comércio, que surgiu da vontade de arriscar e fazer um gesto dissidente. Sendo empresário do seu próprio trabalho, João Botelho procurou firmar sua obra com mais autonomia e chamar atenção para o filme no sentido de estar proporcionando uma experiência singular.
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