Compartilhar as Américas: ressignificando a americanidade numa perspectiva relacional = Sharing the Americas: giving new meaning to Americanism in a relational perspective

O artigo apresenta uma reflexão que tem origem na representação das Américas através de suas primeiras iconografias (Marten de Vos, Jan van der Straet, Philippe Galle) a partir das quais se instaurou o princípio da hierarquização das culturas em detrimento da cultura americana. Durante os quinhentos...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Bernd, Zilá
Format: Article
Language:Spanish
Published: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 2015-01-01
Series:Letras de Hoje
Subjects:
Online Access:http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/23137/14068
Description
Summary:O artigo apresenta uma reflexão que tem origem na representação das Américas através de suas primeiras iconografias (Marten de Vos, Jan van der Straet, Philippe Galle) a partir das quais se instaurou o princípio da hierarquização das culturas em detrimento da cultura americana. Durante os quinhentos anos desde os descobrimentos, as Américas iniciam o processo de desconstrução do sentimento de suposta dependência cultural europeia o qual constitui o dilema identitário das Américas. A estratégia mais bem sucedida revela-se pela busca de uma memória longa não mais na Europa, mas nas culturas autóctones. A tomada de consciência desse re-centramento aponta para práticas transculturais iniciadas ainda nos primeiros séculos depois da conquista quando os Guarani reproduzem os modelos do barroco europeu, introduzindo alterações relativas a sua identidade étnica. Com o modernismo brasileiro, ao lançar o Manifesto Antropófago, Oswald de Andrade está apontando para a necessidade de buscar nossa ancestralidade cultural entre os Tupinambá. Édouard Glissant, ao assinalar a supremacia do pensamento de arquipélago (autóctone) sobre o pensamento de sistema (racionalidade europeia) e ao preconizar a creoulização das culturas, está caminhando no mesmo sentido da busca de nossa memória de longa duração no coração da própria América. A noção de Americanidade, longe de propor a existência de uma grande narrativa homogênea, busca analisar os deslocamentos e a ressemantização de mitos através das três Américas e o trabalho de reapropriação que caracteriza as culturas americanas para além das estreitas noções de nacionalidade. Pensar hoje a Americanidade como construto heterogêneo implica deixar de lado o binarismo do tipo civilização/barbárie; centro/periferia, em favor da inclusão do Diverso e do terceiro excluído Na esteira de trabalhos recentes de Patrick Imbert, aposta-se na implosão do pensamento polarizado, nas trocas transnacionais e na disposição para o relacional e para os encontros transculturais que favorecerão a constituição de redes de compartilhamento entre as Américas
ISSN:0101-3335