COMPREENDENDO A INTERCONSULTA PSIQUIÁTRICA

INTRODUÇÃO A inserção da psiquiatria nos hospitais gerais, apesar de ser um desafio nos dias atuais, tem esboço de sua existência desde o século XVIII. Já no século XX, principalmente após a II Guerra Mundial, esse fenômeno cresceu em importância nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, as enferma...

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Bibliographic Details
Main Authors: Sarah Queiroz Valença, Rosâne Mello, Talita de Assis Rodrigues, Jemima de Souza Fortunato
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 2010-11-01
Series:Revista de Pesquisa : Cuidado é Fundamental Online
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Online Access:http://200.156.24.158/cuidadofundamental/article/view/944
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description INTRODUÇÃO A inserção da psiquiatria nos hospitais gerais, apesar de ser um desafio nos dias atuais, tem esboço de sua existência desde o século XVIII. Já no século XX, principalmente após a II Guerra Mundial, esse fenômeno cresceu em importância nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, as enfermarias psiquiátricas em hospitais gerais surgem após a década de 1950. Com a inserção da psiquiatria nos hospitais gerais, surge um novo campo de atuação: a interconsulta. A partir da discussão da Reforma Psiquiátrica e especialmente após a promulgação da Lei nº 10216, de 6 de abril de 2001, que recomenda a criação de unidades psiquiátricas em hospitais gerais, tornando uma norma a relação já existente entre a psiquiatria e as demais especialidades médicas, a interconsulta ganhou mais destaque. A interconsulta psiquiátrica é considerada uma área de conhecimento que se encarrega da assistência, ensino e pesquisa na interface da psiquiatria e demais especialidades da medicina. A prática de interconsultoria por enfermeiros de saúde mental em hospitais gerais iniciou-se, no Brasil, na década de 1960. A justificativa para a realização deste estudo foi a dificuldade encontrada por acadêmicos de enfermagem para a obtenção de conhecimento deste tema, a partir de artigos e textos, e por esta especialidade ser insuficientemente abordada na Academia, fazendo com que muitos profissionais desconheçam ou não entendam as atribuições e características dessa área de atuação que já apresenta destaque na área médica e é muito bem desenvolvida em outros países.   OBJETIVOS O objetivo desse estudo é: (1) compreender a interconsulta psiquiátrica em enfermagem, suas características e aplicações; (2) diferenciar interconsulta psiquiátrica das demais expressões empregadas, realizando uma discussão desses conceitos; (3) e analisar a situação geral da interconsulta psiquiátrica em enfermagem no Brasil e no mundo, a partir das publicações encontradas.   METODOLOGIA A metodologia utilizada foi a pesquisa documental. A preferência por esse tipo foi devido a possibilidade de analisar as publicações encontradas e, a partir dessa análise, reelaborar esses matérias de acordo com os objetivos da pesquisa. Optou-se por base de dados na internet. As publicações encontradas foram selecionadas utilizando-se, inicialmente, o descritor interconsulta.   RESULTADOS A Interconsulta Psiquiátrica é uma área de conhecimento que se propõe a estudar os fenômenos que ocorrem na relação entre a psiquiatria e todas as outras áreas dos conhecimentos do processo saúde-doença, bem como propõe condutas a seus problemas clínicos ou institucionais. Ancora-se numa perspectiva biopsicossocial do adoecer, visando uma abordagem mais integral e eficaz dos portadores de transtornos mentais. Nesse sentido, no atendimento das intercorrências relativas a fenômenos mentais e de comportamento, um trabalho de cooperação interdisciplinar compreenderá um atendimento conjunto entre o profissional de saúde mental e colegas das demais áreas da saúde. O interconsultor, além de realizar a assistência ao paciente, trabalha a relação deste com a equipe solicitante, contribui para esclarecimentos, diagnósticos, sensibiliza a equipe quanto aos aspectos psicossociais do paciente, orienta familiares e previne o desenvolvimento de problemas psiquiátricos. Num sentido mais estrito, podemos definir a interconsulta psiquiátrica e seus objetivos como uma subespecialidade da psiquiatria que: (1) atua na interface com outras especialidades; (2) auxilia na assistência ao paciente de hospital geral; (3) colabora na abordagem psicossocial (aspectos psiquiátricos, psicológicos e sociais) do paciente; e (4) auxilia na tarefa de ensino e pesquisa. Paralelamente à Interconsulta Psiquiátrica, temos a Consultoria Psiquiátrica. A definição tradicional considera que consultoria se refere à atuação do psiquiatra na avaliação do paciente e na formação de hipóteses e de recomendações oferecidas às equipes solicitantes, que atendem os pacientes, ou seja, o profissional indica um tratamento que estão sob os cuidados de outros especialistas, numa abordagem multiprofissional. Os objetivos de Consultoria Psiquiátrica no contexto hospitalar envolvem as seguintes solicitações em situações de emergência, em casos em que os exames clínicos e laboratoriais são negativos e doenças neurológicas foram descartadas, nas doenças crônicas, nos procedimentos invasivos, patologias oncológicas e doenças terminais, reações importantes em doenças neurológicas, transplante de órgãos, entre outros. Há ainda a Psiquiatria de Ligação que é definida como a área da psiquiatria clínica que inclui todas as atividades diagnósticas, terapêuticas, de ensino e de investigação realizadas por psiquiatras em serviços não psiquiátricos de um hospital geral. Também tem por base uma prática médica hospitalar que se situa na interface dos fatores psicológico, biológicos e sociológicos do adoecer. A psiquiatria de ligação refere-se a uma relação cooperativa contínua entre equipe psiquiátrica e outras equipes; é a promoção da qualidade dos cuidados prestados ao doente. No Brasil, os números de interconsulta são desconhecidos. O que se sabe á que nos hospitais gerais que possuem uma enfermaria de psiquiatria, 86% possuem um serviço de interconsulta. O que se observa é que a maioria dos serviços de interconsulta está concentrada nos hospitais universitários. Atualmente, a maioria dos hospitais de médio e grande porte nos Estados Unidos conta com serviços de interconsulta. Já na Inglaterra, Lloyd enfatiza que a incipiente psiquiatria de interconsulta não possui recursos para acompanhar a tantos pacientes e que se faz necessário o aprendizado de técnicas de terapia cognitiva comportamental por esses profissionais.   CONCLUSÕES Apesar das semelhanças encontradas na prática profissional da interconsulta, consultoria e psiquiatria de ligação, foi possível demonstrar, a partir dessa pesquisa, as diferenças existentes. Cada termo apresenta suas especificidades, cabendo ao profissional especialista compreendê-las, aprimorando sua prática. Foi possível observar que em outros países a interconsulta psiquiátrica, assim como no Brasil, depende da estrutura de saúde onde é implantada e do interesse, investimento e reconhecimento por parte do poder público (ou instituição, ou profissionais) em implementá-la e mantê-la, apoio sem o qual não é possível desenvolver um trabalho eficiente e satisfatório. Podemos considerar que a importância das atribuições da interconsulta psiquiátrica é o desenvolvimento da interação dos profissionais envolvidos no tratamento do paciente com distúrbio mental tendo uma visão interdisciplinar, proporcionando a este individuo e sua família um cuidado integral e também o apoio necessário a equipe de assistência para o aprimoramento das suas atividades.   REFERÊNCIAS FILHO, N. A.. Transdisciplinaridade e Saúde Coletiva. Revista Ciência & Saúde Coletiva. 1997.   GIL, A. C.. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.   SANTOS, J. A.; MELLA, L. F. B.; TURATO, E. R.; BOTEGA, N. J.. Alterações psiquiátricas após corticoterapia em paciente com rara manifestação neurológica de Síndrome de Behçet e o papel da interconsulta psiquiátrica. Rev. psiquiatr. clín.  [serial on the Internet]. 2009  [cited  2010  June  15] ;  36(5): 203-205.   SCHERER, Z.  A. P.; SCHERER, E.  A.; LABATE, R. C.. Interconsulta em enfermagem psiquiátrica: qual a compreensão do enfermeiro sobre esta atividade?. Rev. Latino-Am. Enfermagem  [serial on the Internet]. 2002 Jan [cited  2010  June  15] ;  10(1): 7-14.   SCHMITT, R.; GOMES, R. H.. Aspectos da interconsulta psiquiátrica em hospital de trauma. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul  [serial on the Internet]. 2005  Apr [cited  2010  June  15] ;  27(1): 71-81.   THOMAS, J., SANTOS, L., WETZEL, C., BARBISAN, R.. Implantação da consultoria de enfermagem psiquiátrica em um hospital geral. Revista HCPA, América do Norte, 27, oct. 2007.   ZAVASCHI, M. L. S.; LIMA, D.; PALMA, R. B.. Interconsulta psiquiátrica na pediatria. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2, pp. 48-51.
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A partir da discussão da Reforma Psiquiátrica e especialmente após a promulgação da Lei nº 10216, de 6 de abril de 2001, que recomenda a criação de unidades psiquiátricas em hospitais gerais, tornando uma norma a relação já existente entre a psiquiatria e as demais especialidades médicas, a interconsulta ganhou mais destaque. A interconsulta psiquiátrica é considerada uma área de conhecimento que se encarrega da assistência, ensino e pesquisa na interface da psiquiatria e demais especialidades da medicina. A prática de interconsultoria por enfermeiros de saúde mental em hospitais gerais iniciou-se, no Brasil, na década de 1960. A justificativa para a realização deste estudo foi a dificuldade encontrada por acadêmicos de enfermagem para a obtenção de conhecimento deste tema, a partir de artigos e textos, e por esta especialidade ser insuficientemente abordada na Academia, fazendo com que muitos profissionais desconheçam ou não entendam as atribuições e características dessa área de atuação que já apresenta destaque na área médica e é muito bem desenvolvida em outros países.   OBJETIVOS O objetivo desse estudo é: (1) compreender a interconsulta psiquiátrica em enfermagem, suas características e aplicações; (2) diferenciar interconsulta psiquiátrica das demais expressões empregadas, realizando uma discussão desses conceitos; (3) e analisar a situação geral da interconsulta psiquiátrica em enfermagem no Brasil e no mundo, a partir das publicações encontradas.   METODOLOGIA A metodologia utilizada foi a pesquisa documental. A preferência por esse tipo foi devido a possibilidade de analisar as publicações encontradas e, a partir dessa análise, reelaborar esses matérias de acordo com os objetivos da pesquisa. Optou-se por base de dados na internet. As publicações encontradas foram selecionadas utilizando-se, inicialmente, o descritor interconsulta.   RESULTADOS A Interconsulta Psiquiátrica é uma área de conhecimento que se propõe a estudar os fenômenos que ocorrem na relação entre a psiquiatria e todas as outras áreas dos conhecimentos do processo saúde-doença, bem como propõe condutas a seus problemas clínicos ou institucionais. Ancora-se numa perspectiva biopsicossocial do adoecer, visando uma abordagem mais integral e eficaz dos portadores de transtornos mentais. Nesse sentido, no atendimento das intercorrências relativas a fenômenos mentais e de comportamento, um trabalho de cooperação interdisciplinar compreenderá um atendimento conjunto entre o profissional de saúde mental e colegas das demais áreas da saúde. O interconsultor, além de realizar a assistência ao paciente, trabalha a relação deste com a equipe solicitante, contribui para esclarecimentos, diagnósticos, sensibiliza a equipe quanto aos aspectos psicossociais do paciente, orienta familiares e previne o desenvolvimento de problemas psiquiátricos. Num sentido mais estrito, podemos definir a interconsulta psiquiátrica e seus objetivos como uma subespecialidade da psiquiatria que: (1) atua na interface com outras especialidades; (2) auxilia na assistência ao paciente de hospital geral; (3) colabora na abordagem psicossocial (aspectos psiquiátricos, psicológicos e sociais) do paciente; e (4) auxilia na tarefa de ensino e pesquisa. Paralelamente à Interconsulta Psiquiátrica, temos a Consultoria Psiquiátrica. A definição tradicional considera que consultoria se refere à atuação do psiquiatra na avaliação do paciente e na formação de hipóteses e de recomendações oferecidas às equipes solicitantes, que atendem os pacientes, ou seja, o profissional indica um tratamento que estão sob os cuidados de outros especialistas, numa abordagem multiprofissional. Os objetivos de Consultoria Psiquiátrica no contexto hospitalar envolvem as seguintes solicitações em situações de emergência, em casos em que os exames clínicos e laboratoriais são negativos e doenças neurológicas foram descartadas, nas doenças crônicas, nos procedimentos invasivos, patologias oncológicas e doenças terminais, reações importantes em doenças neurológicas, transplante de órgãos, entre outros. Há ainda a Psiquiatria de Ligação que é definida como a área da psiquiatria clínica que inclui todas as atividades diagnósticas, terapêuticas, de ensino e de investigação realizadas por psiquiatras em serviços não psiquiátricos de um hospital geral. Também tem por base uma prática médica hospitalar que se situa na interface dos fatores psicológico, biológicos e sociológicos do adoecer. A psiquiatria de ligação refere-se a uma relação cooperativa contínua entre equipe psiquiátrica e outras equipes; é a promoção da qualidade dos cuidados prestados ao doente. No Brasil, os números de interconsulta são desconhecidos. O que se sabe á que nos hospitais gerais que possuem uma enfermaria de psiquiatria, 86% possuem um serviço de interconsulta. O que se observa é que a maioria dos serviços de interconsulta está concentrada nos hospitais universitários. Atualmente, a maioria dos hospitais de médio e grande porte nos Estados Unidos conta com serviços de interconsulta. Já na Inglaterra, Lloyd enfatiza que a incipiente psiquiatria de interconsulta não possui recursos para acompanhar a tantos pacientes e que se faz necessário o aprendizado de técnicas de terapia cognitiva comportamental por esses profissionais.   CONCLUSÕES Apesar das semelhanças encontradas na prática profissional da interconsulta, consultoria e psiquiatria de ligação, foi possível demonstrar, a partir dessa pesquisa, as diferenças existentes. Cada termo apresenta suas especificidades, cabendo ao profissional especialista compreendê-las, aprimorando sua prática. Foi possível observar que em outros países a interconsulta psiquiátrica, assim como no Brasil, depende da estrutura de saúde onde é implantada e do interesse, investimento e reconhecimento por parte do poder público (ou instituição, ou profissionais) em implementá-la e mantê-la, apoio sem o qual não é possível desenvolver um trabalho eficiente e satisfatório. Podemos considerar que a importância das atribuições da interconsulta psiquiátrica é o desenvolvimento da interação dos profissionais envolvidos no tratamento do paciente com distúrbio mental tendo uma visão interdisciplinar, proporcionando a este individuo e sua família um cuidado integral e também o apoio necessário a equipe de assistência para o aprimoramento das suas atividades.   REFERÊNCIAS FILHO, N. A.. Transdisciplinaridade e Saúde Coletiva. Revista Ciência & Saúde Coletiva. 1997.   GIL, A. C.. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.   SANTOS, J. A.; MELLA, L. F. B.; TURATO, E. R.; BOTEGA, N. J.. Alterações psiquiátricas após corticoterapia em paciente com rara manifestação neurológica de Síndrome de Behçet e o papel da interconsulta psiquiátrica. Rev. psiquiatr. clín.  [serial on the Internet]. 2009  [cited  2010  June  15] ;  36(5): 203-205.   SCHERER, Z.  A. P.; SCHERER, E.  A.; LABATE, R. C.. Interconsulta em enfermagem psiquiátrica: qual a compreensão do enfermeiro sobre esta atividade?. Rev. Latino-Am. Enfermagem  [serial on the Internet]. 2002 Jan [cited  2010  June  15] ;  10(1): 7-14.   SCHMITT, R.; GOMES, R. H.. Aspectos da interconsulta psiquiátrica em hospital de trauma. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul  [serial on the Internet]. 2005  Apr [cited  2010  June  15] ;  27(1): 71-81.   THOMAS, J., SANTOS, L., WETZEL, C., BARBISAN, R.. Implantação da consultoria de enfermagem psiquiátrica em um hospital geral. Revista HCPA, América do Norte, 27, oct. 2007.   ZAVASCHI, M. L. S.; LIMA, D.; PALMA, R. B.. Interconsulta psiquiátrica na pediatria. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2, pp. 48-51. http://200.156.24.158/cuidadofundamental/article/view/944enfermagem psiquiátricareferênciaconsulta