Summary: | Este trabalho analisa a natureza social e política do sofrimento de um jovem em cumprimento de medida socioeducativa. Partindo de uma perspectiva foucaultiana do poder, o artigo considera a experiência subjetiva do jovem em sua interação com o sistema socioeducativo; observa as manifestações do poder na ação de uns sobre os outros, no agir reiterado em torno de saberes e poderes que delineiam os modos de ação sobre o campo de ação do jovem. A análise da experiência subjetiva de um adolescente durante o cumprimento de medida socioeducativa revela o modo pelo qual a intervenção pode situá-lo no limite das possibilidades de integração, intensificando as aflições de uma vida sob constante suspeição. A abordagem adotada permite observar de que modo o jovem elabora significados sobre o sistema socioeducativo e como expressa por meio de palavras, gestos e movimentos as contradições desta política pública. A posição do jovem como alguém que deve explorar individualmente os riscos, as perdas e as benesses das suas escolhas constitui uma zona de confluência entre o discurso socioeducativo e o do crime. Simultaneamente, um aparato governamental difuso e um modelo de gestão do comércio de drogas acompanham o jovem no trajeto de cumprimento de medida socioeducativa, cada qual dos sistemas com suas próprias estratégias e esquemas de gestão da sua vida.<br>This study examines the social and political nature of the suffering of a young person subjected to “socio-educational measure”. From a Foucaultian perspective of power, the article considers the subjective experience of the young individual in his interaction with the socio-educational system, and observes how power is manifested in the acts of some over others, in the reiterated deeds revolving around knowledge and authority that delineate the ways of action of the youngster within his own field of action. The analysis of the subjective experience of the teenager subjected to a socio-educational measure shows how that intervention can place him at the limits of the possibility for integration, intensifying the sufferings of a life under constant suspicion. The adopted approach allows us to observe how this young person produces meanings about the socio-educational system and how he expresses through words, gestures and movements the contradictions of the public policy. The position of the teenager as someone who should individually explore the risks, the losses and the gains of his own choices defines an area of ​​confluence between the socio-educational speech and that of crime. Simultaneously, a diffuse government apparatus and a management model of the drugs trade compete in the path of the youngster subjected to socio-educational measure, each of the systems having its own strategies and management schemes for his life.
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