Summary: | Aborda a questão filosófica da intersubjetividade, além da questão tradicional da alteridade. A primazia desta questão não concerne somente à filosofia, mas aparece central nas perspectivas da psicanálise e da psicopatologia, pois trata-se aqui da constituição do relacionamento com o outro, uma experiência fundada na memória do infantil, e jamais adquirida de forma definitiva. A fenomenologia merleau-pontyana explicita essa experiência cotidiana do outro. A psicanálise winnicottiana permite reconstituir uma genealogia da intersubjetividade, uma descrição de vivências arcaicas atestáveis graças à transferência, conduzindo a consequências éticas, tanto na teorização, como na clínica, e no atendimento de formas contemporâneas da psicopatologia. Ressalta como a centralidade do corpo e do outro na fenomenologia de Merleau-Ponty tem ecos na psicanálise winnicottiana e como ambas revelam um ato psíquico específico, próprio à intersubjetividade e à figuração do afeto, entre percepção e alucinação, interior e exterior, sujeito e outro.
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