Summary: | Os autores apresentam um estudo retrospectivo efectuado nas crianças internadas no Serviço de Pediatria do Hospital Distrital de Faro com o diagnóstico definitivo de Infecção Urinária (IU), de 1 de Janeiro de 1995 a 31 de Dezembro de 1999. Foram analisados 114 processos e avaliados os parâmetros referentes a sexo, idade, sintomatologia na admissão, história de IU prévia, leucograma, proteína C reactiva, sedimento urinário, fita-teste urinária, agente bacteriano, sensibilidade aos antibióticos e exames imagiológicos.
A IU foi predominante nas crianças com idade inferior a 1 ano (45,6%) e no sexo feminino (71,9%). A fita-teste e o sedimento urinários tiveram sensibilidade semelhante para o diagnóstico presuntivo de IU. A E. Coli foi o agente bacteriano mais frequentemente isolado (91%). Relativamente ao tratamento de uma IU e baseado no padrão de resistências bacterianas, as cefalosproinas de geração, tal como as de 1.4 geração associadas a um aminoglicosídeo, poderão ser utilizadas no tratamento empírico, antes do resultado de sensibilidade aos antibióticos.
A ecografia renal e vesical realizada em 94,7% dos casos, revelou alterações em 32,4% das crianças. O refluxo vesico-ureteral e as cicatrizes renais foram detectados principalmente em crianças do sexo feminino (76% e 88%, respectivamente) e antes do 1.° ano de vida. Estes resultados poderão ser explicados pelo maior número de IU no sexo feminino e também porque o risco de formação de cicatrizes renais é maior no 1.2 ano de vida. Nas 73 crianças sem alterações ecográficas, 16 (23%) apresentaram alterações noutros exames, nomeadamente na uretrocistografia retrógrada permiccional e na cintigrafia renal com tecnésio 99m ligado ao ácido dimercapto succínico. Daí a importância de um follow-up de investigação, para caracterização morfológica e funcional do aparelho urinário, em todas as crianças com IU.
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