Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia

O presente ensaio analisa criticamente a principal tese de Feenberg sobre a natureza da tecnologia: sua bidimensionalidade. Consideramos primeiro o desenvolvimento da teoria crítica da tecnologia em Feenberg; como, a partir do abandono das noções heideggeriana e positivista de tecnologia, o autor en...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Wendell Evangelista Soares Lopes
Format: Article
Language:Spanish
Published: Editora Universitária Champagnat - PUCPRESS 2015-04-01
Series:Revista de Filosofia
Online Access:https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/550
id doaj-0f7489edcb5242f58b28a96cd19850e2
record_format Article
spelling doaj-0f7489edcb5242f58b28a96cd19850e22020-11-25T03:25:32ZspaEditora Universitária Champagnat - PUCPRESSRevista de Filosofia 0104-44431980-59342015-04-01274011114210.7213/aurora.27.040.DS05553Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologiaWendell Evangelista Soares Lopes0Universidade Federal de Mato GrossoO presente ensaio analisa criticamente a principal tese de Feenberg sobre a natureza da tecnologia: sua bidimensionalidade. Consideramos primeiro o desenvolvimento da teoria crítica da tecnologia em Feenberg; como, a partir do abandono das noções heideggeriana e positivista de tecnologia, o autor encara o que ele acredita ser o verdadeiro mundo da tecnologia em seu vir a ser, enquanto intrinsecamente relacionada com o social. Nisso, ele se aproxima da tradição da Teoria Crítica, especialmente de Marcuse, de quem foi aluno. Entretanto, trata-se, como veremos, de uma apropriação crítica: enquanto Marcuse pensa que essa tecnologia que substituiu a ontologia deu origem a um homem unidimensional, cuja existência é incapaz de ultrapassar sua facticidade com uma mudança qualitativa da realidade na realidade, isto é, uma forma de existência em que a transcendência histórica é atrofiada; Feenberg acredita, por sua vez, que essa tecnologia foi mal concebida em sua essência, uma vez que não se percebeu seu aspecto bidimensional, isto é, o fato de que sendo não apenas um projeto abstrato, mas em si mesmo composto de um momento social contingente, a transcendência histórica é parte inelutável do processo tecnológico como tal. Esse caráter transformador, no interior da tecnologia, é articulado por Feenberg a partir da diferença entre técnica e experiência integrativa, enquanto dois momentos da própria racionalidade tecnológica. Mostramos também como essa bidimensionalidade da tecnologia deve ser entendida de maneira holística e dialética, buscando, por fim, aplicar e testar a teoria crítica de Feenberg a partir do caso que mais goza do apreço do autor, a Internet — tema, inclusive, do último livro editado por ele, junto com Norm Friesen, (Re)Inventing the Internet (2012) —, o que nos permitirá entrar numa discussão final de alguns pontos críticos de sua filosofia da técnica.https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/550
collection DOAJ
language Spanish
format Article
sources DOAJ
author Wendell Evangelista Soares Lopes
spellingShingle Wendell Evangelista Soares Lopes
Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia
Revista de Filosofia
author_facet Wendell Evangelista Soares Lopes
author_sort Wendell Evangelista Soares Lopes
title Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia
title_short Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia
title_full Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia
title_fullStr Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia
title_full_unstemmed Andrew Feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia
title_sort andrew feenberg e a bidimensionalidade da tecnologia
publisher Editora Universitária Champagnat - PUCPRESS
series Revista de Filosofia
issn 0104-4443
1980-5934
publishDate 2015-04-01
description O presente ensaio analisa criticamente a principal tese de Feenberg sobre a natureza da tecnologia: sua bidimensionalidade. Consideramos primeiro o desenvolvimento da teoria crítica da tecnologia em Feenberg; como, a partir do abandono das noções heideggeriana e positivista de tecnologia, o autor encara o que ele acredita ser o verdadeiro mundo da tecnologia em seu vir a ser, enquanto intrinsecamente relacionada com o social. Nisso, ele se aproxima da tradição da Teoria Crítica, especialmente de Marcuse, de quem foi aluno. Entretanto, trata-se, como veremos, de uma apropriação crítica: enquanto Marcuse pensa que essa tecnologia que substituiu a ontologia deu origem a um homem unidimensional, cuja existência é incapaz de ultrapassar sua facticidade com uma mudança qualitativa da realidade na realidade, isto é, uma forma de existência em que a transcendência histórica é atrofiada; Feenberg acredita, por sua vez, que essa tecnologia foi mal concebida em sua essência, uma vez que não se percebeu seu aspecto bidimensional, isto é, o fato de que sendo não apenas um projeto abstrato, mas em si mesmo composto de um momento social contingente, a transcendência histórica é parte inelutável do processo tecnológico como tal. Esse caráter transformador, no interior da tecnologia, é articulado por Feenberg a partir da diferença entre técnica e experiência integrativa, enquanto dois momentos da própria racionalidade tecnológica. Mostramos também como essa bidimensionalidade da tecnologia deve ser entendida de maneira holística e dialética, buscando, por fim, aplicar e testar a teoria crítica de Feenberg a partir do caso que mais goza do apreço do autor, a Internet — tema, inclusive, do último livro editado por ele, junto com Norm Friesen, (Re)Inventing the Internet (2012) —, o que nos permitirá entrar numa discussão final de alguns pontos críticos de sua filosofia da técnica.
url https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/550
work_keys_str_mv AT wendellevangelistasoareslopes andrewfeenbergeabidimensionalidadedatecnologia
_version_ 1724596599321001984