A PRESENÇA DE ESCRAVOS EM ALGUNS CONTOS DE MACHADO DE ASSIS

A escravidão é o nexo fundamental para pensar a literatura brasileira do século XIX. Na prosa machadiana, esse nexo histórico foi evidenciado por diferentes críticos (CHALHOUB, 2003, 2012; GLEDSON, 2006; SCHWARZ, 2000). Na leitura dos jornais, desde os anos de 1870, através da leitura de anúncios, v...

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Bibliographic Details
Main Author: Antonio Marcos Sanseverino
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Feevale 2018-07-01
Series:Prâksis
Online Access:http://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistapraksis/article/view/1660
Description
Summary:A escravidão é o nexo fundamental para pensar a literatura brasileira do século XIX. Na prosa machadiana, esse nexo histórico foi evidenciado por diferentes críticos (CHALHOUB, 2003, 2012; GLEDSON, 2006; SCHWARZ, 2000). Na leitura dos jornais, desde os anos de 1870, através da leitura de anúncios, vemos o quanto a presença do escravo doméstico era fato naturalizado no cotidiano do Rio de Janeiro (FREYRE, 2012; SCHWARCZ, 1987). Amas, copeiros, cozinheiros, moleques eram anunciados como objeto de venda ou de aluguel. Não apenas o trabalho era vendido ou alugado, mas o próprio trabalhar-escravo. Essa presença cotidiana de escravos é necessária (ou não) para a compreensão dos enredos? Alguns contos machadianos que trazem à primeiro plano do conflito a presença da escravidão: “Mariana” (1871), “O caso da vara” (1899) e “Pai contra mãe” (1906). Entretanto, há um apagamento da história pessoal do escravo enquanto personagem. A expressão “cria da casa” usada para caracterizar Mariana, uma mulata que vive como fosse da família, mostra o quanto a genealogia da personagem se apaga, diluída no pertencimento à casa do dono. Palavras-chave: Machado de Assis. Escravidão. Conto. Cria da casa. ABSTRACT Slavery is the fundamental link to think of nineteenth-century Brazilian literature. In Machado’s prose, this historical nexus was evidenced by different critics (CHALHOUB, 2003, 2012, GLEDSON, 2006, SCHWARZ, 2000). In the reading of the newspapers, from the 1870s, through the reading of advertisements, we see how the presence of the domestic slave was a naturalized fact in the daily life of Rio de Janeiro (FREYRE, 2012; SCHWARCZ, 1987). Mothers, cupbearers, cooks, brats were advertised as objects for sale or rent. Not only was work sold or rented, but the work-slave itself. Is this daily presence of slaves necessary (or not) for the understanding of entanglements? Some Machado tales that bring to the forefront of the conflict the presence of slavery: “Mariana” (1871), “The case of the stick” (1899) and “Father against mother” (1906). However, there is an erasure of the slave’s personal history as a character. The expression “housekeeper” used to characterize Mariana, a mulatta who lives as if she were one of the family, shows how much the character’s genealogy is extinguished, diluted in belonging to the owner’s house. Keywords: Machado de Assis. Slavery. Tale. Of the house.
ISSN:1807-1112
2448-1939