Summary: | O grande objetivo deste artigo é identificar e suscitar a discussão sobre os reflexos da atual política externa brasileira de projeção de poder no continente africano por meio da ampliação da participação do Brasil no cenário internacional como força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). A questão central do trabalho é identificar, discutir e validar a existência de aspectos intrínsecos à África, os quais deverão ser considerados no processo decisório para o emprego de tropas brasileiras em operações de paz neste continente. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica referente à política externa do Brasil; às participações brasileiras como força de paz da ONU; e a determinadas missões de paz da ONU realizadas na África. Foi realizada, também, uma pesquisa de campo junto aos militares das Forças Armadas (FA), ex-integrantes de missões de paz recentes e/ou em curso, a fim de identificar e validar os aspectos para o planejamento julgados mais importantes para a condução de operações militares no continente africano, mesmo no contexto de operações de paz da ONU. Do estudo realizado, pôde-se constatar que a África possui aspectos intrínsecos nos campos cultural e de infraestrutura, os quais, somados a caraterísticas políticas de gestão das operações implementadas pela ONU, impactam fortemente os planejamentos e a análise de risco para o possível emprego de tropas brasileiras neste continente, particularmente em ações de “proteção de civis”. Na conclusão, são destacados como pontos-chave do problema a cultura tribal da sociedade, a formação dos exércitos nacionais no continente, a precariedade da infraestrutura e a política de condução das missões da ONU. São também apresentados alguns pensamentos sobre o Exército Brasileiro como instrumento de política externa e sua entrada mais expressiva na África como Força de Paz da ONU.
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