Summary: | O nexo estabelecido por Pier Paolo Pasolini entre realidade e linguagem constitui uma tensão que distende as suas obras em distintos meios de expressão. Diante dos vínculos particulares que ele estabelece entre a linguagem pictórica e a poética, nos quais a recepção do aparato crítico de Roberto Longhi se mostra estratégica, propõe-se considerá-los por meio do gesto exemplarmente cristalizado nos versos de Gli affreschi di Piero ad Arezzo, primeira parte do poema La ricchezza (1955-1957), coligido em La religione del mio tempo (1961). Nesses versos, para os quais se apresenta tradução neste artigo, o impacto produzido pela pintura renascentista de Piero della Francesca permite observar o vitalismo estético que fundamenta a práxis poética pasoliniana, assim como a crítica do presente que articula tal prática. Nesse sentido, verifica-se que também a perspectiva de Pasolini acerca das artes visuais se revela uma penetrante tradução histórica e crítica da própria realidade como forma de linguagem.
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