Summary: | A relação da universidade ocidental com o ambiente social e ecológico em tempos de modernidade tardia é complexa, porque se move entre os polos de um modelo de civilização em crise e a alvorada de uma nova configuração de conhecimento que torne sustentável a vida do planeta e da humanidade. Nesse contexto, colocam-se as coordenadas do complexo conhecimento em que a universidade e os movimentos sociais de vítimas sistémicas – como testemunhas do outro lado da modernidade – se abrem para uma nova relação epistémica. Nesta hora crucial, é urgente resgatar o estatuto cognitivo do conhecimento tradicional negado pela racionalidade instrumental, para preservar a vida, dialogando com o pensamento crítico próprio do Ocidente, por fim consciente dos seus próprios limites. Desenha-se assim um modelo de teologia decolonial, nas suas características iniciais – como parte de um diálogo crítico – para construir um novo ethos cultural, político e espiritual, nesta hora marcada por uma racionalidade apocalíptica. Repensar a interdisciplinaridade exige, portanto, não apenas um diálogo científico, mas também a capacidade de construir o conhecimento como uma “ecologia de saberes”, para além de um modelo hegemónico de conhecimento, baseado numa racionalidade instrumental, que está a chegar ao fim. Dentro desse diálogo, a teologia tem um papel irrevogável, que reside em regressar à sua intencionalidade messiánica e kairológica, para pensar sobre a redenção que ocorre neste “tempo do fim”.
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