Gene real, gene imaginario: uma perspectiva fantas(má)tica da hereditariedade
A experiência clinica revela que, mesmo diante da doença orgânica, a referencia exclusiva à anatomia, à fisiologia ou mesmo à genética não é suficiente para compreendermos o sofrimento de nossos pacientes. Para alcançarmos a essência deste sofrimento, é necessário que consideremos que, a partir do c...
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Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental
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Series: | Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental |
Online Access: | http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47141998000200137&lng=en&tlng=en |
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doaj-05ec2a3df05b40f6b22e3adb983a92a52020-11-24T22:29:59ZengAssociação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia FundamentalRevista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental1984-03811213715210.1590/1415-47141998002008S1415-47141998000200137Gene real, gene imaginario: uma perspectiva fantas(má)tica da hereditariedadeRubens Marcelo VolichA experiência clinica revela que, mesmo diante da doença orgânica, a referencia exclusiva à anatomia, à fisiologia ou mesmo à genética não é suficiente para compreendermos o sofrimento de nossos pacientes. Para alcançarmos a essência deste sofrimento, é necessário que consideremos que, a partir do corpo real, anatómico, fisiológico, configurase um outro corpo, um corpo imaginário, que se constitui, a partir do desamparo primordial, através da relação com um outro ser humano. Segundo esse processo, a criança constitui sua subjetividade, tornando-se um ser desejante, social, da cultura. A dissociação entre corpo anatómico e fisiológico e o corpo imaginário instaura uma fissura através da qual se esvai a subjetividade, preparando o caminho para a experiência melancólica. Essa perspectiva revela que o adoecer comporta uma dimensão identificatória e intersubjetiva. A doença de um indivíduo repercute, obrigatoriamente, no conjunto familiar através da genealogização do sintoma e do remanejamento das representações transgeracionais. Desta forma, é importante considerarmos essas experiências para compreendermos que o risco genético real, revelado pela ciência, é permeado pela vivência de um risco imaginário que determina as representações individuais e sociais da doença, e mesmo, em alguns casos, as possibilidades de sua manifestação bem como seu cursohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47141998000200137&lng=en&tlng=en |
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A experiência clinica revela que, mesmo diante da doença orgânica, a referencia exclusiva à anatomia, à fisiologia ou mesmo à genética não é suficiente para compreendermos o sofrimento de nossos pacientes. Para alcançarmos a essência deste sofrimento, é necessário que consideremos que, a partir do corpo real, anatómico, fisiológico, configurase um outro corpo, um corpo imaginário, que se constitui, a partir do desamparo primordial, através da relação com um outro ser humano. Segundo esse processo, a criança constitui sua subjetividade, tornando-se um ser desejante, social, da cultura. A dissociação entre corpo anatómico e fisiológico e o corpo imaginário instaura uma fissura através da qual se esvai a subjetividade, preparando o caminho para a experiência melancólica. Essa perspectiva revela que o adoecer comporta uma dimensão identificatória e intersubjetiva. A doença de um indivíduo repercute, obrigatoriamente, no conjunto familiar através da genealogização do sintoma e do remanejamento das representações transgeracionais. Desta forma, é importante considerarmos essas experiências para compreendermos que o risco genético real, revelado pela ciência, é permeado pela vivência de um risco imaginário que determina as representações individuais e sociais da doença, e mesmo, em alguns casos, as possibilidades de sua manifestação bem como seu curso |
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