Canto e palavra emanando de Igitur

Percebe-se a fonte do canto nas transformações pelas quais passa o personagem Igitur, mesmo se “canto” não é uma palavra do conto Igitur ou la Folie d’Elbehnon1, mas chave em textos posteriores. Igitur integraria a gênese da noção mallarmeana de canto. Na parte “Le coup de dés”2 do conto, uma pre-d...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rosie Mehoudar
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo (USP) 2015-03-01
Series:Literatura e Sociedade
Subjects:
Online Access:http://www.revistas.usp.br/ls/article/view/95926
Description
Summary:Percebe-se a fonte do canto nas transformações pelas quais passa o personagem Igitur, mesmo se “canto” não é uma palavra do conto Igitur ou la Folie d’Elbehnon1, mas chave em textos posteriores. Igitur integraria a gênese da noção mallarmeana de canto. Na parte “Le coup de dés”2 do conto, uma pre-dicção (predição em francês é “prédiction”) é pro-ferida (Oc1, p. 841): um antes da voz é ligado à voz… Etimologicamente pro-ferir quer dizer “levar para diante”. A pedra-consciência surgida na parte anterior (“Il quitte la chambre” 3) do conto é propagada pela palavra que convoca o Outro – ali, porém, já implicada. O tema principal será então a palavra, tácita ou proferida4, no conto Igitur. Um caminho entre “uma antiga palavra” e o canto será proposto. À palavra, constituinte do sujeito, se articulam, em diferentes níveis, imagem corpórea e morte da imagem. Por meio da análise dos principais lances temáticos de “Il quitte la chambre” e de outras partes do conto, vislumbra-se a constituição do sujeito afim à propagação infinita da linguagem. Uma hipótese de interpretação da palavra enigmática “Elbehnon” é proposta: suas sílabas, em hebraico, remeteriam a funções chave do processo de criação.
ISSN:1413-2982
2237-1184